Extremistas e rebeldes recuperaram, nesta quinta-feira (27), uma cidade estratégica na província de Idlib, um revés para o governo de Bashar al-Assad em sua ofensiva contra a região do noroeste do país em guerra.

Apesar do contra-ataque de seus adversários, as forças do governo, auxiliadas pela Rússia, retomaram 20 cidades e vilarejos em outras partes da província, relata o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

O Conselho de Segurança da ONU deve discutir o conflito na Síria nesta quinta-feira, mas, até agora, as potências ocidentais não conseguiram parar a ofensiva contra a última grande fortaleza “jihadista” e rebelde do país.

Desde dezembro, mais de 400 civis morreram, de acordo com o OSDH, e cerca de 950.000 pessoas – mais da metade delas crianças – foram deslocadas, conforme a ONU.

Os rebeldes entraram esta manhã em Saraqib, uma cidade do leste de Idlib, de acordo com um correspondente da AFP que os acompanha. A cidade foi abandonada pelos habitantes, e a destruição é enorme.

Os insurgentes se espalharam pela cidade. Enquanto isso, explosões eram ouvidas da periferia, onde rebeldes e jihadistas enfrentavam as forças de Assad.

Saraqib, que havia sido reconquistada pelas tropas de Damasco em 8 de fevereiro, está no entroncamento de duas rodovias que o governo deseja controlar para consolidar seu domínio no norte do país.

Ao retomar a cidade, jihadistas e rebeldes bloqueara a rodovia M5 que une a capital à cidade de Aleppo (norte).

O OSDH informou que “jihadistas e rebeldes” recuperaram Saraqib e que a Rússia está lançando ataques aéreos nos arredores da cidade.

Em Damasco, a agência de notícias oficial Sana relatou “confrontos violentos” entre o Exército e “grupos terroristas no eixo de Saraqib”.

Sana acusou as forças turcas que apoiam alguns rebeldes de ajudá-los militarmente, o que também foi relatado pelo OSDH.

Os confrontos são quase diários entre soldados turcos e forças sírias. Nesta quinta-feira, o Ministério turco da Defesa anunciou a morte de dois soldados em um ataque aéreo em Idlib.

Embora apoiem partes rivais, militares e diplomatas da Rússia e da Turquia planejam discutir em Ancara o conflito na Síria.

Mais da metade de Idlib e algumas áreas das províncias vizinhas de Aleppo, Hama e Latakia estão sob o controle do grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS, ex-facção síria da Al-Qaeda), com a presença de alguns grupos rebeldes.

Em sua ofensiva, o regime reconquistou dezenas de cidades e vilarejos nesse reduto e, nesta quinta-feira, continuava seu avanço no sul de Idlib.

“O regime controla todo sul da província de Idlib”, e esse progresso o aproxima de Yisr al-Shughur, disse o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, à AFP.

Para alguns especialistas, porém, a batalha de Yisr al-Shughur pode ser difícil para Damasco, já que a cidade é dominada pelos jihadistas do Partido Islâmico do Turquistão (TIP), cujos membros pertencem principalmente à minoria muçulmana uigur da China.

Com o apoio da Rússia, do Irã e do Hezbollah libanês, o governo sírio multiplicou suas vitórias nos últimos anos e já controla mais de 70% do país.

Deflagrada em março de 2011 pela repressão às manifestações, a guerra na Síria se tornou mais complexa com a intervenção de atores regionais e internacionais, além de grupos extremistas. Desde então, deixou mais de 380.000 mortos.