BRASÍLIA (Reuters) – A decisão do governo de conceder um reajuste linear de 5% a todo o funcionalismo federal a partir de julho não foi bem recebida por representantes sindicais, que alegam ser um benefício insuficiente e prometem manter a mobilização dos servidores para pressionar o Executivo.

Após semanas de discussão, o governo optou na quarta-feira por dar o aumento a todas as carreiras buscando debelar paralisações que já afetam órgãos públicos e fazendo um aceno ao funcionalismo no ano eleitoral. A proposta, que tem um custo aproximado de 6 bilhões de reais neste ano, ainda não foi anunciada formalmente.

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Categoria que já está em greve, com impacto sobre a divulgação de indicadores e outros serviços, os servidores do Banco Central devem manter a paralisação, segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad.

“Na nossa opinião, 5% sem mais nada é insuficiente”, disse, ressaltando que a tendência é de manutenção da greve.

O Sindifisco Nacional (Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil) informou que eventual proposta de reajuste de 5% não muda em nada a operação padrão dos servidores porque o movimento da categoria não busca reajuste, e sim realização de concurso, regulamentação de bônus e recomposição de Orçamento.

A Unacon Sindical, que representa servidores das áreas de finanças e controle do Tesouro, disse que a carreira vai manter a mobilização e intensificar o movimento nos próximos dias.

“O percentual anunciado é insuficiente e não cobre sequer as perdas do último ano. Segundo a projeção do Unacon Sindical, no acumulado dos últimos anos, a corrosão deve alcançar 40%”, informou por meio de nota.

A decisão também gerou insatisfação em carreiras da segurança pública, que originalmente seriam as únicas beneficiadas por reajustes neste ano, com uma reserva de 1,7 bilhão de reais no Orçamento que agora será usada para pulverizar o benefício a todos os servidores.

A presidente da Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol), Tania Prado, disse que o governo está tratando os policiais de maneira desrespeitosa.

“O sentimento é de muita indignação porque o governo tinha feito um compromisso de que faria uma reestruturação das polícias da União, mas ontem divulgaram que iriam simplesmente mudar aquilo que foi prometido”, afirmou.