Depois de um ADP bastante forte na quarta-feira, 8, criou-se uma expectativa muito grande com o relatório do mercado de trabalho (payroll) divulgado nesta sexta-feira, 10, nos EUA. Assim, mesmo com o resultado acima do previsto, acabou ocorrendo uma correção de baixa no câmbio, justificada também pelo ganho dos salários um pouco aquém do esperado.

O dólar à vista no balcão fechou em queda de 1,58%, a R$ 3,1439, depois de subir 2,43% nos últimos dois dias. Ainda assim, avançou 0,85% na semana. Em termos porcentuais, a retração do dólar hoje foi a maior desde 21 de setembro do ano passado, quando caiu 1,71%. O giro registrado na clearing de câmbio da BM&FBovespa foi de US$ 1,446 bilhão.

No mercado futuro, o dólar para abril fechou com retração de 1,68%, a R$ 3,1595. O volume financeiro somou US$ 17,510 bilhões. A divisa norte-americana recuou de forma generalizada ante moedas emergentes, com a lira turca (-1,29%), o peso mexicano (-1,02%) e o rand sul-africano (-1,07%).

A economia dos Estados Unidos criou 235 mil postos de trabalho em fevereiro, segundo o Departamento de Trabalho do país. O resultado veio acima da expectativa de analistas consultados pela Dow Jones Newswires, que previam criação de 197 mil empregos no mês passado. Já o salário médio por hora dos trabalhadores do setor privado ficou em US$ 26,09 em fevereiro, alta de US$ 0,06 (ou 0,23%) ante o mês anterior. A projeção do mercado, porém, era de ganho maior, de 0,30%.

“O mercado estava carregado demais na posição comprada e essa questão do ganho salarial abaixo do esperado serviu de desculpa para vender”, comenta um operador.

Internamente, o destaque foi o IPCA de fevereiro. A inflação oficial no mês passado ficou em 0,33%, abaixo do piso do intervalo das projeções (quem iam de 0,36% a 0,53%), e a menor leitura para fevereiro desde 2000. Para o diretor da Mirae Corretora, Pablo Spyer, isso eleva as chances de um corte mais forte na próxima reunião do Copom, em abril.