O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou em seu blog um texto, no qual analisa o processo de reaberturas econômicas conduzido na Ásia e na Europa. A entidade afirma que, sem uma vacina ou um tratamento eficaz disponível, as autoridades estarão se equilibrando entre os benefícios de uma retomada econômica e os custos potenciais de outro avanço nas taxas de infecção por coronavírus. “Elas estão diante de escolhas difíceis, em parte porque os custos de errar em uma direção ou noutra pode ser muito grande”, adverte a nota, assinada pelo diretor do Departamento de Ásia e Pacífico do FMI, Chang Yong Rhee, e pelo diretor do Departamento Europeu do Fundo, Poul M. Thomsen.

A dupla comenta que as autoridades têm adotado uma abordagem gradual na retomada, junto com a adoção de mais medidas de prevenção. Alguns países da Ásia, primeira região atingida, já avançaram nessa trajetória “com algum sucesso”, mas ainda há riscos, enquanto os riscos na Europa são ainda maiores, diz o texto.

O FMI destaca o esforço proativo para conter o vírus realizado por exemplo na Coreia do Sul e na China. Para desacelerar o ritmo das transmissões, muitos países dos dois continentes adotaram restrições estritas de circulação, o que gerou grande impacto econômico.

Na Ásia, o Fundo comenta que os novos casos na China têm se estabilizado “em níveis muito baixos”, com amplo uso de testes na população. A Coreia do Sul também se saiu bem no esforço para conter a doença, com testes em larga escala, isolamento obrigatório e busca de casos potenciais, bem como o uso disseminado de digitalização e de tecnologias para rastrear contatos das pessoas contaminadas, aponta o FMI.

Na Europa, vários países já anunciaram planos para reabertura gradual. Como a doença chegou depois no continente, o risco ali é maior, nota o FMI. Em geral, ele considera que a Europa “parece estar mais em risco do que alguns países da Ásia, incluindo a China, embora nenhum país possa declarar vitória contra o vírus de modo confiante”.

O FMI reconhece o grande impacto econômico “e psicológico sobre os cidadãos” com as medidas de isolamento físico e diz ser compreensível o desejo de retomar as atividades. “Mas agir muito cedo e antes de ações abrangentes para identificar rapidamente e conter novas infecções colocaria em jogo os ganhos no combate à disseminação da covid-19 e arriscaria impor novos custos humanos e econômicos”, adverte o Fundo. Com isso, a recomendação é que os países nos dois continentes atuem com cuidado e “resistam ao clamor para se fazer muito rápido demais e corram o risco de uma recaída.”