Todos os dias um grupo de artistas se esquiva dos seguranças do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para se apresentar nos vagões. Entre uma estação e outra, eles fazem rimas para os passageiros e pedem uma contribuição. O coletivo WuTremClan (@rimadoresdovagao no Instagram) tem 11 músicos.

Um deles é o rapper Henrique Oliveira, o Kagibre, de 23 anos. Ele, que já foi funcionário de uma empresa de seguros, perdeu o emprego fixo na crise, teve de trancar o curso na faculdade de Engenharia e se juntou ao coletivo de artistas, usando o talento de rimador para pagar as contas. Ele estima ganhar R$ 150 por dia com as apresentações.

“A gente também consegue se manter fazendo shows e se apresentando em eventos, aniversários. Também temos uma loja virtual. Ainda quero terminar a faculdade e, depois, fazer uma pós-graduação em produção musical. Só parei porque a mensalidade já era pesada e, depois que perdi o emprego, ficou impossível.”

Kagibre, que já participava de uma batalha de rappers há oito anos, aproveita para se dedicar mais à carreira de músico. “Quero seguir carreira musical, assinei contrato com uma produtora. E também lançar um CD.”

Na avaliação do professor do Insper, Sérgio Firpo, além da dificuldade natural da entrada no mercado de trabalho em momentos de crise, o trabalhador mais jovem acaba tendo mais chance de ter emprego sem carteira do que o mais velho e fica nessa condição por mais tempo, mesmo com a recuperação da economia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.