Em tempos de progressão geométrica nas transações on-line, o pior pesadelo de qualquer empresa, em especial as que atuam no B2C, é um ataque cibernético. No começo da noite de quinta-feira (19) quem viveu o drama foi o grupo Renner, dono da marca Camicado. Sites e aplicativos foram afetados. A invasão aos dados da companhia foi um ransonware (oficialmente a empresa não confirmou a informação), quando os criminosos exigem pagamento – normalmente em criptomoedas – para devolver as informações ou não torná-las públicas. Segundo o relatório The State of Ransonware 2021, feito pela empresa de segurança digital BlackFog, o cibercrime causará danos de US$ 6 trilhões em 2021. Isso equivale a US$ 1 trilhão acima do PIB japonês, a terceira maior economia do mundo. Somente a fatia correspondente a ações de ransonware teria crescido 311% entre 2019 e 2020, chegando a US$ 350 milhões, de acordo com a Chainalysis, plataforma de dados e serviços de blockchain.

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Por mais que os números estejam inflados – como em qualquer situação de resgate envolvendo pessoas, quase ninguém que paga torna público o valor envolvido –, o ransonware se torna cada vez mais um negócio bastante atraente. Tanto que gangues globais, verdadeiras organizações criminosas profissionais, brigam pelo share desse mercado. A BlackFog listou os dez grupos mais temidos, e a participação de cada um na fatia global de ataques no período janeiro-maio de 2021.

8º lugar (três gangues empatadas): Astro, Hotarus e Ragnar (3% de share cada)

7º lugar: Babuk (4,9% de share)

6º lugar: DoppelPaymer (6,6% de share)

5º lugar: Egregor (8,2% de share)

3º lugar (duas gangues empatadas): Clop e Darkside (11,5% de share cada)

1º lugar (duas gangues empatadas): Conti e REvil (13,1% de share cada)

Outros grupos somaram os 21% restantes dos resgates obtidos com as ações de ransonware. Conheça cada uma dessas verdadeiras corporações do crime.

 

Astro (3% dos ataques)

Grupo por trás do malware Astro Locker. Cepa de ransomware muito semelhante a Mount Locker, menos sofisticada do que as de outras gangues.

Hotarus (3% dos ataques)

Também responsável por 3% dos ataques. Mais conhecido por sus investidas contra o Ministério das Finanças equatoriano e ao maior banco do país.

Ragnar (3% dos ataques)

Em abril, o grupo teria extorquido US$ 11 milhões de uma vítima (empresa)não identificada. Desde então, o Ragnar Locker é mira do FBI.

Babuk (4,9% dos ataques)

Dizem ter um código de ética: evitam ONGs, instituições educacionais, de saúde e empresas com receita abaixo de US$ 4 milhões (ano). Nada confirmado.

Doppel Paymer (6,6% dos ataques)

Seria o grupo por trás da cepa BitPaymer. Um ataque a um hospital teria sido responsável direto pela morte de um paciente na Alemanha.

Egregor (8,3% dos ataques)

Seria o grupo por trás da ‘extorsão dupla’, na qual os atacantes ameaçam publicar dados roubados além de bloquear os sistemas das vítimas.

Clop (11,5% dos ataques)

Conhecido também por Fancycat. Foi o primeiro a exigir mais de US$ 20 milhões em resgate. Seis de seus supostos membros foram presos na Ucrânia.

Darkside (11,5% dos ataques)

Grupo relativamente novo, de 2020. Opera de forma ‘ética’: emite comunicados à imprensa, e diz doar parte dos resgates a instituições de caridade.

Conti (13,1% dos ataques)

Também conhecido como Ryuk ou Wizard Spider. Atacou o sistema de saúde da Irlanda. Faz ataques aos setores de saúde e educação.

REvil (13,1% dos ataques)

Também conhecido como Sodin ou Sodinokibi. Já teriam atacado a Apple. “Eles são muito ousados”, disse o CEO da Blackfog, Darren Williams.