SÃO PAULO (Reuters) – A Klabin anunciou nesta quarta-feira que seu conselho de administração aprovou investimento de até 1,567 bilhão de reais na construção de uma fábrica de papelão ondulado em Piracicaba (SP). O plano, porém, teve objeção de alguns conselheiros da empresa.

A nova instalação terá capacidade para 240 mil toneladas anuais e previsão de início de operações no segundo trimestre de 2024, informou a companhia. A fábrica será equipada com duas onduladeiras e nove impressoras, afirmou a Klabin.

A fábrica vai elevar a capacidade líquida de produção de papelão ondulado da Klabin em 100 mil toneladas por ano, para 1,3 milhão de toneladas anuais.

CRÍTICAS

O plano para a nova fábrica, porém, recebeu críticas de parte dos 14 conselheiros da companhia. Entre os independentes, dois votaram contra, dois se abstiveram pedindo mais debates e uma voto a favor, mas citou “benefício da dúvida”, segundo a ata da reunião.

“O projeto isoladamente parece não ser atrativo em termos de retorno financeiro”, disse a conselheira Isabella Saboya, que usou a confiança depositada na administração para votar a favor do plano, segundo voto publicado na ata.

Já o conselheiro Camilo Marcantonio, que votou contra o plano, afirmou que o indicador de viabilidade, ou “valor presente líquido” (VPL), do chamado “Projeto Figueira” é “negativo em 20 anos” e que ele tem “baixíssimo retorno mesmo considerando a perpetuidade”. Para ele, seria preferível o uso dos recursos para recompra de ações, de acordo com a ata.

O conselheiro Mauro Cunha também votou contra o projeto. Embora tenha elogiando a transparência da empresa em apresentar o plano, para ele “não restou comprovado que o investimento é a melhor utilização para o capital neste momento”. O conselheiro também mencionou necessidade da empresa focar em “oportunidades de alocação de capital muito mais atrativas” como forma de motivar a valorização das ações da companhia.

A Klabin não informou qual o retorno esperado com a nova fábrica. Mas a empresa informou que, do investimento previsto, 200 milhões de reais se referem a “impostos recuperáveis”.

A empresa deve desembolsar neste ano 270 milhões de reais no projeto. Em 2023, serão mais 750 milhões de reais, além de 550 milhões em 2024, segundo apresentação ao mercado.

A companhia afirmou que o Projeto Figueira “reforça a crença da Klabin no modelo de negócio integrado, diversificado e flexível”. A companhia informou ainda que o plano tem impacto imaterial no endividamento e será financiado por caixa próprio.

A Klabin terminou março com caixa de 6,185 bilhões de reais, queda de 2,2 bilhões ante dezembro diante de “gestão da dívida e pela variação negativa do fluxo de caixa livre no período”, de acordo com o balanço do período divulgado em maio.

(Por Alberto Alerigi Jr.)

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