SÃO PAULO (Reuters) – O Rabobank informou nesta segunda-feira que revisou as safras 2020/21 e 2021/22 de café do Brasil, pois foi observado estoque de passagem muito maior do que o esperado em recente pesquisa, considerando também um aumento no consumo doméstico e as fortes exportações brasileiras.

Para a safra passada (2020/21), a produção do Brasil foi projetada em 72 milhões de sacas (sendo 53 milhões do tipo arábica), ante projeção prévia de 67,5 milhões de sacas (49 milhões de arábica).

Já a safra 2021/22, cuja colheita está em andamento, foi estimada em 56,7 milhões de sacas, sendo 36 milhões do tipo arábica (32% menor em relação ao ciclo anterior), disse o banco em um relatório.

“A colheita 2021/22 brasileira avança sem grandes problemas, porém com uma expectativa de quebra de produção devido à bienalidade produtiva menor e baixos volumes de chuva”, disse o Rabobank.

O banco destacou ainda que, em termos de preços, os contratos futuros negociados na ICE, em Nova York, seguem quase 60% acima do patamar visto há um ano, enquanto no Brasil a valorização é ainda mais significativa, com a saca de 60 kg operando em média de 865 reais, novo recorde nominal.

Para o futuro, a instituição disse que o cenário de déficit global em 2021/22, estimado em 3,5 milhões de sacas, deve dar suporte aos preços, assim como o aquecimento da demanda global.

Por outro lado, a retomada de embarques da Colômbia após uma paralisação causada por protestos antigoverno, os amplos estoques no Brasil e a expectativa positiva para a safra brasileira de 2022/23 vão limitar o aumento das cotações.

CANA-DE-AÇÚCAR

No mesmo relatório, o Rabobank acrescentou que a safra de cana-de-açúcar do Brasil segue ameaçada pela seca, com as primeiras semanas da temporada 2021/22 apresentando evidências de queda de 10% da produtividade no centro-sul do país.

Apesar disso, a instituição acredita que o volume perdido nesta safra em comparação com a anterior será compensado pelos preços altos –apoiados, além da menor produção brasileira, pelas ofertas reduzidas na Tailâdia e pelo valor mais alto do petróleo, fator que dá suporte à cotação da gasolina e, consequentemente, ao concorrente etanol.

“Esses mesmos preços altos de açúcar e de etanol deveriam ajudar a manter as margens das usinas boas mesmo frente a um aumento relevante dos custos unitários oriundo de insumos mais caros, o Consecana maior, um volume menor de moagem e de produção”, disse o Rabobank.

FERTILIZANTES

Em relação aos insumos, o banco chamou atenção para a nova disparada nos preços dos fertilizantes nas últimas semanas, influenciada tanto por incertezas relacionadas à safra quanto pela manutenção dos preços das commodities em patamares elevados.

É exatamente a valorização de produtos agrícolas como milho, soja, café e algodão que tem, até agora, compensado o aumento dos custos com insumos no mercado “spot”, disse o Rabobank, indicando que o poder de compra dos produtores em relação aos fertilizantes está igual ou melhor do que a média dos últimos cinco anos.

Diante desse cenário favorável aos agricultores e das expectativas de aumento de margens nos cultivos de grãos, o banco ainda revisou para cima sua projeção para o crescimento do consumo de fertilizantes em 2021, passando a estimar um aumento de 5% na comparação anual, para 42,7 milhões de toneladas.

(Por Roberto Samora e Gabriel Araujo)

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