São Paulo, 25 – O especialista em café da equipe de pesquisa do Rabobank, Guilherme Morya, considera que é pequena a possibilidade de altas expressivas nas cotações internacionais do café nos próximos meses. “A grande colheita em andamento no Brasil (o Rabobank estima 67,5 milhões de sacas) e as incertezas na demanda” devem segurar os preços, informou ele em podcast do banco.

O especialistas pondera, entretanto, que, mais importante, no momento, é acompanhar a demanda, com a reabertura das principais economias, que são grandes consumidoras de café. Conforme Morya, se a recuperação do consumo for rápida, e com o ciclo de baixa produção no Brasil em 2021, as cotações do grão podem melhorar, saindo dos atuais cerca de 99 centavos de dólar por libra-peso, no contrato futuro para setembro/20, na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). “É preciso monitorar mês a mês e ver se isso se confirma”, comentou.

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Ele disse, ainda, que a demanda por café aumentou durante a quarentena, principalmente entre março e abril. No entanto, isso não compensou o que se consumia fora do lar. De acordo com Morya, estima-se que o consumo fora do lar representa cerca de 27% do total global. Com a pandemia, espera-se uma queda de 0,6% nesse segmento na temporada 2019/20 ante a anterior, o que pode ser considerado pouco em termos relativos, mas representa cerca de 1 milhão de sacas em termos absolutos, argumentou.

O atual cenário, segundo o especialista, só deve inverter com interrupções na oferta global do produto. Morya citou que pode ocorrer falta de contêineres para exportação e problemas na colheita no Brasil ou na Colômbia, além de geadas nas áreas produtoras brasileiras, já que o inverno está apenas começando.