O Banco Central (BC) adotou uma postura mais vocal acerca do cenário fiscal na ata da reunião de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom), em comparação com o comunicado divulgado anteriormente, avalia o economista-chefe do Rabobank, Mauricio Une. “A ata foi bem mais ‘hawkish’ que o comunicado”, afirma. “Dessa vez, o BC foi mais vocal em como esse questionamento em relação à situação fiscal aumenta o prêmio de risco que, por sua vez, acaba aumentando o risco de desancoragem das expectativas.”

Para a economista, apesar de deixar a porta de certa forma aberta, a ata indica uma maior propensão para manutenção do novo ritmo de alta, de 1,5 ponto porcentual, no próximo reajuste, mas com possibilidade de extensão do ciclo.

“Agora não estamos mais falando em regular ou diminuir o estímulo monetário. Desta vez, o Copom está sendo bastante explícito ao dizer que já estamos fazendo o aperto monetário e menciona de forma bastante clara que alterar a regra do teto de gastos acabou fazendo com que a taxa de juros neutra também possa ser mais alta.”

Une mantém as projeções para inflação no final de 2021, de 9,3%, e de 2022, de 4,3%, além das expectativas para Selic a 9,25% no encerramento deste ano e com taxa terminal de 10,50% em março do próximo ano. “Mantido esse ritmo e estendendo o ciclo dentro de 2022, aumentam as chances do BC de deixar a inflação dentro das bandas, se aproximando da meta de 2022.”

O economista acrescenta que na ata o BC continuar a sinalizar que prefere suavizar a flutuação no nível de atividade econômica e pleno emprego. Apesar disso, se for necessário, acredita que, para ancorar as expectativas tanto de 2022 quanto de longo prazo, a instituição pode rever expectativas e também incorporar apertos mais profundos, o que pode ocasionar em uma atividade ainda mais fraca no próximo ano.

O Rabobank projeta crescimento de 0,8% para o PIB em 2022.