A divulgação dos resultados do Banco do Brasil (BBAS3) na noite da segunda-feira (14) encerra a temporada da balanços dos grandes bancos de varejo, que divulgaram os números do quarto trimestre e do ano de 2021.

O BB obteve um lucro gerencial de R$ 5,9 bilhões no quarto trimestre. O resultado foi 23,4% acima dos R$ 4,78 bilhões esperados pelo mercado e 67,3% acima do quarto trimestre de 2020. No acumulado de 2021, o lucro líquido contábil foi de R$ 19,7 bilhões, alta de 55,1% ante os R$ 12,7 bilhões de 2020.

BB fecha 2021 com lucro de R$ 21 bilhões, um recorde histórico

Segundo o banco, a melhora dos resultados decorreu de “menores despesas com provisões, crescimento da carteira de crédito, incremento nas receitas de prestação de serviços e na margem financeira bruta”.

Rememorando brevemente. O Itaú Unibanco (ITUB4) divulgou na sexta-feira (11) um lucro gerencial de R$ 7,16 bilhões no quarto trimestre, alta de 32,9% ante o mesmo período de 2020. No acumulado do ano, o lucro gerencial foi de R$ 26,9 bilhões, alta de 45% ante 2020. Ao comentar os resultados, o banco atribuiu o bom desempenho ao controle das despesas. O resultado agradou o mercado, e as ações subiram quase 6% no primeiro pregão após a divulgação.

O Bradesco anunciou na quarta-feira (9) um lucro líquido gerencial de R$ 6,6 bilhões no trimestre, leve queda de 2,3% ante os R$ 6,8 bilhões no mesmo período de 2020. No acumulado do ano, porém, o resultado subiu 34,3%, avançando de R$ 19,5 bilhões em 2020 para R$ 26,2 bilhões em 2021.

A piora dos resultados trimestrais do Bradesco deveu-se ao aumento das provisões para devedores duvidosos. Ao contrário do que ocorreu com o Itaú, o resultado decepcionou os investidores e as ações do banco, tanto ordinárias quanto preferenciais, recuaram mais de 8%.

O Santander Brasil (SANB11) foi o primeiro a divulgar seus resultados, no dia 2 de fevereiro. O banco informou um lucro líquido societário do quarto trimestre de R$ 3,79 bilhões, leve queda de 1,5% ante os R$ 3,859 bilhões do mesmo período de 2020. No acumulado do ano, o Santander lucrou R$ 14,9 bilhões, alta de 11,3% ante 2020.

Somando-se os resultados dos quatro grandes bancos, percebe-se que o ano passado foi bom para o setor. No acumulado dos quatro trimestres, o lucro foi de R$ 87,3 bilhões, alta de 35,8% ante os R$ 64,3 bilhões de 2020. Considerando-se apenas o período entre outubro e dezembro, os gigantes do varejo lucraram R$ 23,5 bilhões, alta de 20% ante os R$ 19,6 bilhões do quarto trimestre de 2020.

O encerramento da safra de balanços mostra duas narrativas muito distintas. Banco do Brasil e Itaú Unibanco apresentaram números melhores do que o esperado pelo mercado. Já os resultados de Santander e Bradesco ficaram aquém das expectativas.

O nome do jogo, no ano passado, foi a atenção aos custos, tanto operacionais quanto financeiros – o dinheiro que os bancos pagaram para captar dinheiro, o principal insumo do crédito. Apesar da elevação da Selic, que foi repassada ao custo dos empréstimos, os bancos tiveram de enfrentar um aumento nas despesas de captação.

A partir de agora, o que deverá definir os resultados do sistema financeiro para 2022 é uma atenção às margens. A conjugação entre uma alta da Selic e uma desaceleração da economia muito provavelmente vai elevar a inadimplência, especialmente entre as pessoas físicas e as pequenas empresas, exigindo uma dose extra de cautela dos banqueiros.