A futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, quer trazer tranquilidade para o comércio exterior e conversar com os principais parceiros do agronegócio brasileiro, como China e Argentina. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo e ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), a deputada federal e presidente da Frente Parlamentar Agropecuária voltou a defender o Projeto de Lei 6.299, que flexibiliza as regras para fiscalização e aplicação de agrotóxicos no País e disse que a matéria deve trazer mais transparência e tecnologia para o setor. A ruralista pretende se reunir com o atual gestor do ministério, Blairo Maggi, para dar início ao processo de transição. Segundo ela, uma das prioridades da pasta será discutir a tabela do frete. A seguir, os principais pontos da entrevista.

O agronegócio brasileiro sofreu uma série de contratempos nos últimos anos, como a operação Carne Fraca, que arranhou a imagem do setor no exterior. Como a senhora pretende lidar com isso na sua gestão?

Precisamos trabalhar isso talvez modernizando essa área (sanidade) no ministério, fazendo outras missões no Brasil e mostrando que o País tem uma sanidade de boa qualidade, que podemos responder pelos protocolos que assinamos.

Um dos grandes gargalos no agronegócio é a questão logística. Como avançar na questão, para reduzir o custo Brasil?

Quando começamos um governo como o do presidente Jair Bolsonaro, que é liberal e quer receber investidores de fora e garantir a segurança jurídica, tenho certeza de que os investimentos chegarão. A agricultura brasileira tão pujante como é hoje precisa de um plano de logística o mais rápido possível. Ferrovias, hidrovias e rodovias precisam participar do plano de transportes do governo federal.

E a questão do tabelamento do frete, que está no Supremo Tribunal Federal? Tem sido um ônus que as empresas do agronegócio não querem carregar. E, ao mesmo tempo, como não descontentar os caminhoneiros?

Precisamos tratar esse assunto desde já, não dá para deixar para 1.º de janeiro. Está na pauta de prioridades para ser debatida na Frente Parlamentar Agropecuária e com o novo governo. Precisamos achar uma solução e fazer reuniões com caminhoneiros e empresas.

O comércio exterior é um ponto que tem gerado incertezas. Os chineses, a Argentina e os países árabes estão preocupados, e são importantes parceiros comerciais do Brasil. Como reagir?

O diálogo é fundamental. O presidente tem que dizer claramente qual é a política internacional que ele quer adotar. Em relação à Argentina, ele pediu uma audiência comigo na semana que vem. Com a China, o presidente eleito esteve com o embaixador na semana passada, no Rio, e espero ter a oportunidade de tocar no assunto. Vou conversar também com o ministro Maggi, que acaba de chegar de uma missão da Ásia. Vamos dar tranquilidade tanto aos exportadores quanto aos importadores.

Os agricultores querem agilidade na liberação de agrotóxicos. Mas e o Meio Ambiente?

Isso se resolve com a modernização da lei, a existente tem 30 anos. A nova lei traz mais governança, transparência e um período de tempo para analisar novos registros. São três órgãos que analisam se o produto pode ser utilizado ou não: Meio Ambiente, Agricultura e Anvisa. Se esses processos caminharem juntos e com um prazo, você vai conseguir trazer moléculas mais modernas para o País, com tecnologia, mais seguras do que as usadas atualmente. A lei (Projeto 6.299) é importante. Fizeram palanque eleitoral em cima da lei e colocarem a população contra ela, que foi envenenada por aqueles que não queriam que a aprovação. Terei todo interesse em fazer que essa lei seja aprovada no ano que vem.

O Brasil precisa desmatar mais terras para produzir mais?

Temos avanços tecnológicos que podem aumentar a produtividade. Ninguém tem um Código Florestal como o Brasil tem. Em relação à Amazônia, existem mecanismos para usarmos a biodiversidade e gerar renda para as pessoas, sem desmatar. Em que País do mundo você compra 10 hectares e só pode usar 8, 5 ou 2? Alguém tem de criar alguma coisa para que os produtores, até para preservar, tenham algum ganho. Agora, a Amazônia temos de preservar. Sabemos da função da nossa floresta.

Como devem ficar os institutos de pesquisa, como a Embrapa?

Temos de motivar e dar recursos para a Embrapa pesquisar cada vez mais e continuar a ter seu papel no desenvolvimento do setor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.