Em teoria, cozinhar remete a arte de misturar ingredientes que, de alguma forma, se complementam para dar vida a um novo prato. No mundo dos negócios também é possível mesclar elementos distintos para criar algo novo. É o que pretendem as startups brasileiras ChefsClub e Grubster, que anunciaram um acordo para unir suas operações. “Seremos o aplicativo para quem quer comer fora de casa”, diz Guilherme Mynssen, fundador do ChefsClub. “É perfeitamente possível, pois nosso mercado é muito maior do que o do iFood.”

O ChefsClub é um serviço de assinaturas que dá desconto de até 50% em restaurantes em dias e horários específicos. O Grubster, por sua vez, funciona com mensalidades fixas e também dá descontos nas refeições, mas permite reservar mesas diretamente pelo aplicativo. Em ambas, as rendas são obtidas a partir das assinaturas dos consumidores. No ChefsClub, elas custam R$ 129,90 a cada seis meses. No Grubster, R$ 10 mensais. A nova empresa, que será concentrada na marca ChefsClub, quer unir tudo em um só lugar e faturar com as mensalidades dos assinantes e também com taxas cobradas dos estabelecimentos cadastrados na plataforma.

Os novos valores, entretanto, ainda não foram definidos pelas parceiras. “Essa estratégia pode ajudar a aumentar a escala e reduzir os custos operacionais”, afirma Guilherme Fowler, professor do Insper e pesquisador da Endeavor. “É preciso, porém, tomar cuidado para não causar um choque de culturas.” Para Pedro De Conti, fundador do Grubster, isso não será problema. “Temos culturas muito parecidas e sabemos a empresa que queremos criar.”

A meta da nova empresa é fazer o inverso do iFood. Enquanto o aplicativo da Movile deseja que o consumidor coma em casa, o ChefsClub quer levá-lo aos restaurantes. Mas ser o iFood de comer fora não será uma missão fácil. Em 2017, o iFood registrou 4,4 milhões de entregas por mês na América Latina. Mesmo impulsionados pela fusão, os números do novo ChefsClub são bem mais modestos. São 1 milhão de usuários e 100 mil clientes únicos mensais.

Na quantidade de restaurantes, são 3 mil contra pouco mais de 700 do argentino Restorando, o principal rival no Brasil. “A soma de forças vai ajudar a companhia a se impor contra concorrentes nacionais e internacionais”, avalia Rafael Ribeiro, diretor-executivo da Associação Brasileira de Startups. As perspectivas para o futuro do ChefsClub incluem aumentar o número de restaurantes para 4 mil. Seu faturamento, no entanto, deve ultrapassar a barreira de R$ 100 milhões somente em 2023. Segundo o dado mais atual, o iFood teve receitas de mais de R$ 171 milhões em 2016.