O empresário e presidente da Agência de Promoção de Investimentos e Exportações da Cidade de São Paulo (SP Negócios), Juan Quirós, está à frente do maior programa de desestatização da história da capital paulista. Com um pensamento liberal, ele aposta na eficiência com a redução do tamanho da máquina pública. A estratégia, segundo ele, é atrair investidores de todos os tamanhos.

Por que a Prefeitura de São Paulo precisa de uma agência de privatização?
Não é apenas para privatizar. A São Paulo Negócios foi criada há dois anos para cuidar da atração de investimentos, promover concessões e construir um projeto de exportações para o município. A cidade nunca teve isso. Nossa missão é também ajudar as empresas que querem investir no município. Em pouco tempo, nos tornamos gestores do maior ecossistema de startup do mundo. Em volume de eventos, somos maiores do que o London Tech Week.

Qual o argumento para atrair investimentos, enquanto há mais empresas saindo da cidade do que entrando?
O foco das grandes cidades, como São Paulo, deve ser atrair investimentos em tecnologia e inovação. Definimos as vocações de São Paulo. A capital não tem mais vocação para fábricas, mas tem para comércio, serviços e alta tecnologia. A partir daí, criamos incentivos fiscais para empresas que se instalassem na Zona Leste, onde há maior concentração de pessoas. O ISS, que era de 5%, foi reduzido. Isso está trazendo as empresas de volta. Além da Zona Leste, estamos incentivando investimentos no Centro. Alguns edifícios estão sendo reformados para receber empresas, restaurantes e escritórios. A recuperação do Centro passa pelo comércio, pela gastronomia e por espaços bacanas que estão surgindo.

E no caso dos ativos que não interessam a ninguém? 
Todos os ativos têm interessados. Isso porque o bolso dos investidores é de diferentes tamanhos. A demanda por privatizações parte dos investidores, não dos governos. Então, queremos privatizar até a sombra dos viadutos, porque existem oportunidades. Quem poderia imaginar que existem inúmeras empresas interessadas em utilizar espaços sob viadutos? Com investimento pequeno, pode-se montar um restaurante, uma loja ou qualquer estabelecimento de utilidade pública. Na Europa e nos Estados Unidos, debaixo dos viadutos há bons projetos, há vida.

Quem escolhe o que será oferecido ou não à iniciativa privada?
As concessões em modelo de PPPs são construídas em cima de editais que despertem o interesse do setor privado. Não estamos preocupados mais com o que já está no mercado. O Parque do Ibirapuera já foi. O Centro de Exposições do Anhembi estamos também na reta final. O Estádio do Pacaembu também terá novidade em breve. Queremos conceder espaços menos óbvios. Fazemos audiências públicas, analisamos projetos e damos andamento.

(Nota publicada na Edição 1135 da Revista Dinheiro)