A oposição mudou de estratégia e passou a defender celeridade na análise da denúncia contra o presidente Michel Temer pelo crime de corrupção passiva na Câmara dos Deputados. Considerando que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar outras duas denúncias “fatiadas” contra o peemedebista, partidos como PT, PSOL, Rede, PCdoB e PDT defendem agora o cancelamento do recesso parlamentar em julho.

O objetivo é evitar que os governistas consigam “juntar” todas as denúncias em um só processo na Casa e garantir que elas sejam analisadas separadamente, ou seja, em três votações diferentes no plenário.

“Nós somos contrários ao recesso, a crise é de total dimensão que não comporta sairmos de férias. Queremos pressa nesse debate (sobre denúncia)”, disse o líder da minoria, José Guimarães (PT-CE). Ele destacou que a decisão sobre a pausa nos trabalhos cabe ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas avaliou que “é um erro ter recesso”.

Já o líder do PT, Carlos Zarattini (SP), ponderou que a oposição “não quer procrastinar, mas também não vai aceitar que se atropele o regimento da Casa”. “Achamos que o País está sofrendo nas mãos do Temer, então quanto antes afastarmos ele, melhor. Não podemos tirar recesso em um momento como esse”, avaliou Zarattini.

PGR

Zarattini também cobrou explicações de Temer sobre as acusações feitas contra Janot, durante pronunciamento. “Se ele não comprovar o que disse sobre a PGR, é algo gravíssimo”, avaliou.

Para o líder do PT, Temer “não esclareceu as acusações que lhe foram feitas e ainda lançou ilações contra o PGR”. O petista avaliou ainda que Temer “deve explicações ao País sobre o que está acontecendo na PGR”.

“Vamos aguardar e cobrar explicações, porque não é possível que ele (Temer) faça acusações sem apresentar ao País o que de fato está acontecendo. Acho uma enorme irresponsabilidade acusar o PGR sem novos elementos. Ele não é criança, é o presidente da República”, criticou.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB) brincou que Temer usou “linguagem de mafioso” ao criticar o PGR e o dono da JBS, Joesley Batista. No discurso, o presidente disse que “o desespero de se safar da cadeia moveu Joesley e seus capangas”. “Criaram uma trama de novela. A denúncia é uma ficção”, afirmou Temer. O presidente disse ainda que o procurador-geral e Joesley tentam atribuir a ele um ato criminoso que alega não ter cometido.