O setor do turismo tem acumulado perdas econômicas em decorrência da pandemia do coronavírus. Para a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes, uma das saídas para esse segmento voltar a dar lucro é a natureza. “Queremos estimular o turismo de natureza na retomada da economia”, revelou.

Hoje (27), em live da IstoÉ Dinheiro, a executiva explicou que o recente interesse das pessoas em hábitos mais saudáveis mostra o potencial de crescimento dessa área. “Com o isolamento social, olhar uma árvore pela janela passou a ter um grande valor. Acreditamos que é possível ter uma experiencia na natureza que não seja prejudicial à biodiversidade”, afirma.

Para desenvolver esse projeto, a fundação realizou um estudo, com quase 500 respondentes de todo o Brasil, para mapear quatro blocos de desafios. São eles: observar animais e plantas; melhorar a experiência do turista; modelos de negócios com foco no turismo de natureza; e engajamento do visitante na proteção do meio ambiente.

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“Pesquisas mostram que as pessoas vão buscar passeios mais próximos de casa nessa retomada, principalmente que possa ser acessado de carro. Nós temos a mais rica biodiversidade do mundo, devemos apresentar nossas paisagens”, disse Malu, durante a entrevista com a editora da revista Dinheiro Rural, Lana Pinheiro.

A “teia de soluções” vai buscar ideias para esses desafios. Após quatro etapas, as melhores propostas receberão, ao todo, até R$ 2 milhões para serem viabilizadas. O programa está com inscrições abertas até 16 de agosto. Veja mais informações aqui.

O projeto faz parte do novo modelo de trabalho da instituição. Com 30 anos de atuação, a fundação já aportou R$ 80 milhões para editais que apoiaram mais de 1.500 projetos no Brasil. “Antes a gente trabalhava com um edital geral e um temático. Recebíamos a proposta pronta, financiávamos e produzíamos relatórios que podiam gerar políticas públicas”, conta Malu.

Agora, a fundação irá propor projetos de cocriação. A proposta é ter vários agentes – entre empresas, cientistas e sociedade – para levantar os desafios para preservação da biodiversidade. “Queremos criar ações mais práticas e específicas para essas necessidades. Estamos com um comitê do oceano, que vai elaborar cinco oficinas regionais para construir um plano de cuidado para esta década”, destaca.

Outro projeto dessa nova geração busca negócios que promovem impacto positivo para a conservação da natureza e para o desenvolvimento nos litorais sul de São Paulo, do Paraná e norte de Santa Catarina. A chamada de negócios quer movimentar a econômica dos 46 municípios destes estados que fazem parte do Grande Reserva da Mata Atlântica.