Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, afirmou nesta segunda-feira que quem ameaça não aceitar o resultado das eleições caso não seja vencedor age dessa forma em interesse próprio para desviar do fato de não ter sido votado pela maioria dos eleitores.

Fachin não citou nomes, mas sua defesa enfática da segurança das urnas eletrônicas foi um recado claro ao presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), que vem colocando a segurança do sistema eleitoral em dúvida, sem apresentar provas, e já disse que só aceitará o resultado de eleições que considerar limpas.

“Quem, portanto, vocifera não aceitar resultado diverso da vitória não está defendendo auditoria das urnas eletrônicas e do processo de votação, está defendendo apenas o interesse próprio de não ser responsabilizado pelas inerentes condutas ou pela inaptidão de ser votado pela maioria da população brasileira”, disse o magistrado em discurso de retomada dos trabalhos na corte eleitoral no segundo semestre.

Fachin lembrou que o sistema de votação brasileiro já é auditável e tem sido eficiente na democracia do país. Avaliou ainda que atacar a segurança das urnas eletrônicas tem o objetivo de tirar dos eleitores o direito de votar e escolher seus representantes.

“Há um quarto de século o sistema eleitoral brasileiro se apresenta e é seguro e confiável. Todos os candidatos eleitos no Brasil, desde os vereadores ao presidente da República, auferiram sempre a totalidade dos votos que lhes foram concedidos nas urnas. A opção pela adesão cega à desinformação que prega contra a segurança e auditabilidade das urnas eletrônicas e dos processos eletrônicos de totalização de votos é a rejeição do diálogo e se revela antidemocrática”, afirmou o presidente da corte eleitoral.

“Desqualificar a segurança das urnas eletrônicas tem a rigor um único objetivo: tirar dos brasileiros a certeza de que seu voto é válido e sua vontade foi respeita”, acrescentou.

O presidente do TSE chegou a dedicar parte de seu discurso diretamente aos eleitores, pedindo que não cedam a discursos que tenham a intenção de espalhar notícias falsas e violência.

Mais cedo e na mesma linha, o presidente o Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, aproveitou seu discurso de retomada dos trabalhos para manifestar o desejo que o processo eleitoral ocorra dentro da normalidade e que o Brasil termine o ciclo deste ano sem incidentes.

Ao referir-se às eleições como “um dos momentos mais sensíveis de um regime democrático”, Fux defendeu de forma enfática a eficiência do sistema eleitoral brasileiro e a transparência da Justiça Eleitoral.

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