Elas são cinquentonas, ou quase. Consagradas nos setores em que atuam. Operam em mercados com a forma, a cor e o som da velha economia. E, no entanto, são vistas pelos analistas como apostas muito promissoras nos pregões. A explicação é simples. Mesmo atuando em setores diferentes, a percepção é que elas estão no caminho certo para realizar uma transição bem-sucedida para o que se convencionou chamar de nova economia – uma atuação leve em termos de ativos, flexível e muito baseada em tecnologia. Para os analistas, o Banco Pan, a empresa de locação de veículos Localiza e a administradora de shoppings Iguatemi são as candidatas mais cotadas para repetir o desempenho do Magazine Luiza nas bolsas.

Banco Pan: expectativa com banco digital fez ações dispararem (Crédito:Diuvlgação/Banco Pan)

A comparação não é por acaso, pois os números da rede de varejo impressionam. Em três anos, suas ações se valorizaram 3.842%. Para comparar, no mesmo período o Índice Bovespa subiu 74,6%. Nada mau, mas sem comparação com as ações da empresa fundada em Franca, interior de São Paulo, em 1957. O que justificou essa enorme valorização? Varejista tradicional, o Magazine Luiza não apenas transformou-se em um marketplace, onde outros fornecedores pagam para fazer negócios com sua base de clientes, como também foi muito bem-sucedido em integrar os vários canais de distribuição – lojas físicas, comércio eletrônico e televendas. Magalu, o avatar que simboliza a loja, é uma estrela do mundo virtual, algo que valeu à empresa o prêmio de marca que mais cresceu na edição de 2019 de As Marcas Mais Valiosas do Brasil.

TECNOLOGIA As três candidatas a novas estrelas dos pregões têm em comum a abertura a novas tecnologias. No caso do Banco Pan, que vem se despindo da roupagem tradicional de banco e pensando como uma fintech, a promessa já chegou aos pregões. Com um avanço de 404% no ano, a ação é a que mais se valorizou em 2019. Para setembro, o Pan está planejando o lançamento de um banco digital para o varejo, oferecendo conta sem tarifa e outros produtos, algo que deverá acelerar seu crescimento, avalia a analista Tatiana Brandt, da Eleven Financial. Ela recomenda a compra dos papéis a um preço-alvo de R$ 11, alta potencial de 13,5% em relação aos R$ 9,69 da quarta-feira 21.

Localiza: integração bem-sucedida com o aplicativo do Uber (Crédito:Divulgação)

Outra companhia promissora é a Localiza. O segmento de locação de veículos ganhou um impulso recente. O mercado estima que haja 600 mil motoristas transportando passageiros graças aplicativos como Uber e 99. “Cerca de 10% dessa frota é alugada das grandes locadoras”, diz Michael Wickert, sócio da gestora independente Fama Investimentos. “Não é absurdo pensar que esse percentual pode dobrar, ou mesmo triplicar, em poucos anos.” Segundo Wickert, a Localiza foi quem obteve mais sucesso em integrar sua tecnologia à do Uber. Ela desenvolveu recursos que facilitam ao motorista alugar o carro e permitem usar os recebíveis como garantia do pagamento. “Não é fácil para uma empresa tradicional integrar-se a uma companhia tão inovadora como a Uber, mas a Localiza conseguiu isso”, diz o gestor.

Outro caso é o da administradora de shoppings Iguatemi. Praticamente um sinônimo de varejo segmentado e sofisticado, a companhia está lançando um marketplace. Chamado Iguatemi 365, o sistema começou a operar, para poucos e bons convidados, em maio deste ano. “O Iguatemi também vai realizar uma curadoria de moda, oferecendo as marcas diferenciadas que eles já oferecem nos shoppings”, diz o gestor. “Ainda está em um estágio inicial de desenvolvimento, mas pode ser uma ferramenta muito promissora para ampliar o alcance da marca.”