Depois de 13 anos de queda, a taxa de mortalidade infantil voltou a crescer no Brasil. Em 2016, dado mais recente disponível, a morte de crianças entre um mês e quatro anos avançou 11%, segundo dados brutos do Ministério da Saúde, consolidados pelo Observatório da Criança e do Adolescente, mantido pela Fundação Abrinq. Na época, o índice chegou a 12,7 mortes em cada mil nascidos – antes era 12,4. Esse recuo pode ser explicado pelo encolhimento de programas especializados em assistência à saúde da mãe e ao aleitamento materno, bem como ao aumento de casos de desnutrição. Esse dado, no entanto, é apenas mais uma estatística entre tantas outras que mostram piora em diversas áreas, principalmente aquelas com apelo social.

O número de brasileiros vivendo com renda inferior a um quarto do salário mínimo por mês, o equivalente a R$ 220, em 2016, cresceu 53% na comparação com 2014, quando teve início a crise econômica no País. Naquela época, o levantamento do IBGE mostrou que havia 16,2 milhões em situação de extrema pobreza. Dois anos depois, o contingente de miseráveis aumentou para 24,8 milhões. Pior: cerca de 50 milhões de brasileiros, o equivalente a 25,4% da população, vivem na linha de pobreza e têm renda familiar equivalente a R$ 387,07, segundo dados da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no fim do ano passado.

Não podemos esquecer, evidentemente, da taxa de desemprego, que atingiu 13,1% no trimestre encerrado em março de 2018, maior nível desde maio do ano passado. Isso significa que 13,7 milhões de pessoas estão desempregadas no País, segundo o IBGE, por meio da pesquisa Pnad Contínua. Um dado divulgado na semana passada coloca cores ainda mais vivas nessa tragédia brasileira. A taxa de subutilização da força de trabalho, que inclui os desempregados, pessoas que gostariam de trabalhar e aqueles que desistiram de buscar emprego, bateu recorde no primeiro trimestre deste ano. Ao todo, são 27,7 milhões de pessoas, o maior contingente desde o início da série histórica, em 2012, segundo o IBGE.

Todas essas estatísticas mostram um contingente gigantesco dos atingidos pela crise econômica que começou a partir de 2015, com reflexos nos indicadores sociais. É verdade que o Brasil conseguiu sair da recessão com um crescimento de 1% em 2017. É também verdade que a inflação está abaixo do centro da meta de 4,5%. Mas, infelizmente, nossa fotografia ainda é terrível. A cinco meses da eleição presidencial, segurança e ética surgem como os principais temas dos candidatos preferidos do mercado.

Na pauta, ainda, estão as reformas da previdência e tributária. É claro que esses assuntos são importantes e devem ser debatidos com toda a sociedade, na busca de soluções negociadas por todos os lados envolvidos. É evidente também que o próximo presidente terá de reforçar sua agenda social. Quem conseguir dialogar e dar alento a esses milhões de miseráveis e excluídos do sistema, seja de esquerda, de direita ou de centro, estará muito mais perto de subir a rampa do Palácio do Planalto em janeiro de 2019.