Pesquisa da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) mostra que o Brasil tem 1,660 milhão de pessoas trabalhando como motoristas e entregadores de aplicativos. Do total, 1.274.281 são motoristas e 385.742 entregadores.

A renda líquida média dos motoristas varia de R$ 2.925 a R$ 4.756 e, para os entregadores, entre R$ 1.980 e R$ 3.039, numa jornada de 40 horas semanais. Os dados foram coletados no período de agosto a novembro de 2022.

Os motoristas trabalham em média entre 22 e 31 horas semanais, enquanto a jornada dos entregadores oscila entre 13 e 17 horas semanais. “Em um momento em que governo, trabalhadores e empresas se preparam para discutir maneiras de regular o trabalho em plataformas, percebemos que há na sociedade um desconhecimento muito grande sobre esse tipo de atividade e esperamos contribuir para o debate com informações precisas e abrangentes”, diz, em nota, André Porto, diretor-executivo da Amobitec.

Motoristas

Embora 43% dos motoristas estivessem desempregados, 57% tinham uma atividade econômica prévia ao iniciarem o trabalho por meio de plataformas, a maioria com registro em carteira. Desses, 31% a mantiveram depois de começar as atividades com os aplicativos e 26% abandonaram essa atividade prévia para se dedicar exclusivamente aos aplicativos.

A jornada média semanal de trabalho dos motoristas é de 4,2 dias – com uma média entre 22 e 31 horas semanais trabalhadas, que variam conforme o mês e o tempo de ociosidade.

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Entregadores

67% dos entregadores tinham alguma atividade econômica antes de começar a trabalhar com aplicativos (52% com carteira assinada) e 31% estavam desempregados. Mais de um quarto (27%) já trabalhava com entregas, encontrando nas plataformas uma nova alternativa para gerar renda.

Quase a metade dos entregadores afirmou estar exercendo outra ocupação (48%), sendo 50% destes com carteira assinada, enquanto 52% declararam se dedicar exclusivamente aos apps.

A jornada de trabalho de um entregador é em média de 3,3 dias por semana, com média de horas engajadas entre 13h e 17h por semana, com variações conforme o mês e o tempo de ociosidade. Para a maioria dos entregadores (55%), a média de dias trabalhados e horas logadas varia de acordo com outras ocupações e ocorrências da vida cotidiana. Os ganhos dos entregadores variam conforme as horas trabalhadas, mas a remuneração média por hora em entrega estimada é de R$ 23.

Gênero e idade

Quase a totalidade é de pessoas do sexo masculino (97% dos entregadores e 95% dos motoristas). A média de idade dos entregadores é de 33 anos, enquanto entre os motoristas é de 39 anos.

Escolaridade e raça

Os dois grupos de profissionais têm uma proporção muito parecida de trabalhadores que estão estudando (10% entre entregadores e 12% entre motoristas). Entre os que não estão estudando, predominam profissionais com o Ensino Médio completo (60% entre motoristas e 59% entre entregadores). A maioria dos trabalhadores se autodeclara pretos ou pardos (68% entre entregadores e 62% entre motoristas)

Renda

Quase 60% dos entregadores declaram possuir renda familiar mensal acima de três salários mínimos. Entre os motoristas, mais de 70% ganham mais de três salários mínimos e quase 35% de pessoas entre as que dirigem automóveis declaram renda acima de 6 salários mínimos.

Por que trabalham nos aplicativos?

Para 72% dos motoristas, a flexibilidade de dias e horários é uma das principais razões para trabalhar com aplicativos. Em segundo lugar, entre as razões mais mencionadas, está não ter chefe, com 39% e, em terceiro, os ganhos, com 28%.

Quase 60% dos entregadores apontam como principal vantagem a flexibilidade de horários. Em segundo lugar aparecem os ganhos obtidos com a atividade (43%) e a liberdade de trabalhar com motocicleta por 38%.

Dificuldades

A maior preocupação relatada pelos motoristas foi problemas para encontrar os endereços de destino ou origem das corridas (57%) e dificuldade de contato com clientes (30%). Outras questões, em menor proporção, estão relacionadas ao ambiente de trabalho e à dinâmica das ruas, como o envolvimento em ocorrências de trânsito durante o trabalho com os apps (15%), sofrimento com atos de discriminação (14%) e ser assaltado (9%).

O maior problema relatado por entregadores foi encontrar o endereço de entrega (66%), enquanto em segundo lugar foi apontada a dificuldade de contato com clientes ou a devolução/extravio de mercadorias (51%). Outras questões, em menor proporção, estão relacionadas ao ambiente de trabalho e à dinâmica das ruas, como o envolvimento em ocorrências de trânsito durante o trabalho com os apps (25%), sofrimento com atos de discriminação (18%) e ser assaltado (8%).