Bombardeado por críticas de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) privilegia um pequeno grupo de grandes empresas, o presidente Luciano Coutinho convocou a imprensa no Rio de Janeiro, na quarta-feira 11, para se defender. ?Na estrutura de qualquer economia de mercado se veem níveis de concentração iguais ou superiores ao nosso. 

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Na verdade, se comparar o BNDES com a economia, temos favorecido a pequena empresa?, afirmou. Mas os números que apresentou apenas confirmaram a percepção do mercado. 

 

A parcela dos desembolsos para as grandes companhias passou de 76% do total, em 2008, para 82,5%, em 2009. No primeiro semestre deste ano, essa fatia caiu para 63,8% dos desembolsos de R$ 59 bilhões, com o fim das parcelas de um empréstimo de R$ 25 bilhões concedido anteriormente à Petrobras. 

 

Depois de receber R$ 207,5 bilhões do Tesouro nos últimos três anos, o banco terá dificuldade para manter o mesmo ritmo de desembolsos se o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mantiver a promessa de não fazer 

novos repasses este ano. 

 

Dos R$ 136 bilhões emprestados pelo banco em 2009, R$ 80 bilhões saíram dos cofres do Tesouro. Os candidatos à sucessão de Lula sabem que não terão como manter essa torneira tão aberta.

 

Nos últimos anos, o BNDES foi o instrumento usado pelo governo para fortalecer empresas brasileiras no mercado global. O problema é que não há clareza sobre os critérios para a eleição de vencedores. 

 

Nem sobre os custos dessa política. ?O problema maior é o subsídio pouco transparente. É preciso colocar esses recursos no Orçamento?, defende o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega. 

 

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O Tesouro capta recursos a 10,75% ao ano e repassa ao BNDES, que empresta a 4,5%. Quem paga a diferença é o contribuinte. Mantega calcula os subsídos em R$ 5 bilhões. O economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), estima em pelo menos R$ 10 bilhões. 

 

Outro problema é o desestímulo ao mercado de capitais. Se as empresas conseguem dinheiro oficial barato, por que emitiriam títulos de dívida? No ano passado, marcado pela crise global, o BNDES emprestou até para a Petrobras. 

 

?Não seria problema dar dinheiro aos grandes se o banco tivesse recursos de sobra. Mas o governo está se endividando?, diz Almeida. Só alguns empresários elogiam publicamente essa política. Em novembro de 2009,  DINHEIRO antecipou esse debate  na reportagem ?Os Eleitos do BNDES?. Nada mudou.

 

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