A novela da recuperação judicial da Oi arrasta-se há 17 meses e ganhou um novo personagem na semana passada. Ele se chama Eurico Teles, funcionário de carreira e atual diretor jurídico, que assumiu a presidência da Oi, após a renúncia de Marco Schroeder, executivo que esteve à frente das negociações da dívida de R$ 65,4 bilhões com os atuais acionistas e credores desde junho de 2016. A saída de Schroeder aconteceu em meio a um clima bélico com os controladores, em especial com o empresário Nelson Tanure, da Société Mondiale, e representantes da Pharol (ex-Portugal Telecom). O ex-presidente da Oi registrou em ata que sofreu ameaças a sua integridade física, antes deixar o cargo.

Com a saída de cena de Schroeder, Teles foi alçado ao cargo por Tanure. Mas o novo presidente, ao contrário do que imaginava o conselho de administração, terá plenos poderes para negociar um plano de recuperação judicial. Na quarta-feira 29, o juiz que trata do processo de recuperação judicial, Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, decidiu que a diretoria da Oi pode encaminhar o novo plano para a Justiça mesmo sem a aprovação do board. Na prática, Tanure terá menos margem de manobra para emplacar um acordo que o favoreça. “O novo presidente vai poder fazer um plano com condições de ser aprovado pelos credores”, diz Eduardo Tude, presidente da Teleco, consultoria especializada em telecomunicações.

O nome de Teles e a decisão da Justiça do Rio de Janeiro de tirar poder de Tanure agradou os principais credores da Oi, em especial os detentores de títulos internacionais (bondholders). Segundo apurou DINHEIRO, um grupo representativo deles acredita que há alguma chance de se chegar a um acordo na assembleia que está marcada para 17 de dezembro, nova data para que o plano seja apreciado.

Em sua primeira declaração, desde que assumiu a Oi, Teles afirmou que sua intenção é elaborar um plano que “desagrade pouco a todos”, seja sustentável e que, uma vez aprovado, atraia novos investidores à Oi. “Estamos agora com o plano na Justiça que precisa de modificações rápidas para que possa trazer apaziguamento e dinheiro novo para companhia”, disse ele, durante a inauguração do Oito, centro de empreendedorismo e inovação da Oi, no Rio de Janeiro. As cenas dos próximos capítulos da Oi devem ser ainda mais emocionantes.