Os mercados não tiveram uma boa quinta-feira (14). O Ibovespa caiu 1,8% e terminou o pregão cotado a 96.120,85 pontos. O motivo foi o mau humor generalizado no mercado internacional. Na véspera, JPMorgan e Morgan Stanley divulgaram os números do segundo trimestre.

O lucro do JPMorgan caiu 28% para US$ 8,65 bilhões, ou US$ 2,76  por ação, abaixo das expectativas, que eram de US$ 2,89. A queda aconteceu após a instituição financeira reservar US$ 1,1 bilhão em provisões. O Morgan Stanley também foi na mesma linha e viu seu lucro recuar para 29,4%, a US$ 2,4 bilhões.

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Segundo analistas ouvidos por DINHEIRO, os números reacenderam o temor de uma recessão global e possível diminuição nos lucros das empresas , mas será que o mercado tem razão?

“Em primeiro lugar, o dinheiro reservado para provisões mostram um movimento de proteção dos bancos em relação ao temor da inadimplência”, disseram Jennie Li e Rafael Nobre, analistas da XP Investimentos.

Eles afirmaram que esse receio com a inadimplência acontece por causa da alta dos juros, que começa a pressionar a demanda por capital das famílias. Além disso, a deterioração do cenário macro alinhada com a disparada dos preços poderá resultar em um maior volume de inadimplência futura, dizem os especialistas.

Já o estrategista-chefe da Guide Investimentos, Alex Lima, disse acreditar que os números dos dois bancos mostram que a economia pode não estar bem.

“O JPMorgan demitiu 1 mil funcionários do segmento de empréstimos imobiliários, o que mostra que a situação não está boa. Essa pode ser a tendência daqui para frente, com as companhias se ajustando a um cenário econômico mais duro”, afirmou Lima.

Sendo assim, os analistas possuem perspectivas um pouco diferentes para as empresas e os mercados até o final de 2022.

“Está começando a revisão dos lucros das empresas para baixo, assim como os múltiplos foram revisados anteriormente, a tendência é de baixa para o mercado americano e brasileiro daqui para frente”, disse o especialista da Genial.

Sem precipitações
No entanto, os dois especialistas da XP dizem que estão mais cautelosos e preferem esperar essa temporada de balanços para fazer uma projeção mais certeira. Caso os números venham ruins, tanto no Brasil quanto no exterior, o mercado pode ir ladeira abaixo.

“Essa temporada de resultados será um importante balizador para os analistas, caso os resultados fiquem aquém das expectativas, podemos começar a ver revisões de lucros mais para baixo dos analistas, e, consequentemente, podemos ver mais quedas nos mercados globais”, disseram Jennie Li e Rafael Nobre.

Sobre o setor bancário no Brasil, eles afirmaram que ainda há uma visão bastante positiva, O motivo é que as companhias são voltadas para o mercado interno, que tem como risco a inadimplência.

Li e Nobre, porém, citam que a aprovação da PEC de Benefícios Sociais deve beneficiar o setor. Além disso, em termos de provisão, os bancos brasileiros ainda estão “bem protegidos e rodando acima de níveis pré-pandemia”.

“Claro que se houver uma recessão econômica global e profunda, e uma desaceleração do crescimento econômico no Brasil, poderemos ver impactos negativos por aqui”, dizem.

No entanto, eles afirmam que os bancos brasileiros são considerados mais defensivos do que cíclicos, o que os torna diferentes das instituições financeiras dos EUA.