Começa nesta terça-feira (26) a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). No fim da tarde da quarta-feira (27), será possível saber o que o Banco Central (BC) pensa sobre a inflação. E com essa informação será possível antecipar a velocidade e a intensidade do aumento das taxas de juros para o que resta do ano.

Há muita incerteza com relação aos preços. A questão é se o rápido e intenso endurecimento da política monetária já está fazendo efeito. Pelas expectativas expressas no Relatório Focus, que voltou a ser divulgado pelo BC após o fim da greve, está sim. A edição mais recente, divulgada na segunda-feira (25) mostra que a projeção de inflação para 2022 está caindo depressa. A estimativa para este ano está em 7,30%, quase um ponto percentual abaixo dos 8,27% projetados no Focus de quatro semanas atrás.

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Há bons motivos para isso. Boa parte dessa queda deveu-se à baixa nos preços dos combustíveis e à queda das cotações do petróleo no mercado internacional. Também na segunda-feira, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou o Índice de Preços ao Consumidor – Semana (IPC-S) referente à terceira quadrissemana de julho. O índice registrou uma deflação (ou seja, uma queda dos preços) de 0,44% no período. Em 12 meses, a inflação acumulada é de 8,82%. Para comparar, na segunda quadrissemana de julho os preços haviam subido 0,24%. E um mês atrás, na terceira quadrissemana de junho, a inflação havia sido de 0,76%.

A queda de preços é localizada. Concentra-se nos itens Transportes, onde houve uma deflação de 2,88%, e Educação, Leitura e Recreação, com baixa de 1,31%. Essa queda deve-se ao fato de que os preços das passagens aéreas estão na Recreação, e não nos Transportes. E voar ficou 6,92% mais barato, depois de os preços terem, sem trocadilho, decolado na segunda quadrissemana, com alta de 4,65%.

No acumulado do mês, os preços do etanol recuaram 9,83%, e a gasolina nas bombas ficou 8,61% mais barata.

Outra alteração significativa foi na Habitação. Os preços recuaram 0,37% na terceira quadrissemana de julho, após terem ficado praticamente estáveis na quadrissemana anterior e de terem aumentado 0,62% na terceira quadrissemana de junho. Nesse caso, a baixa deveu-se à retração dos preços da eletricidade residencial, que retrocederam 3,51%.

Porém, a questão da inflação é mais complicada. Há um ponto em comum às principais baixas de preços. Todas elas foram provocadas artificialmente por intervenções do governo. Houve baixa de tributos sobre combustíveis e eletricidade, o que causou essa forte queda nesses itens.

Nos demais preços da economia, como alimentos, por exemplo, a pressão de alta de preços segue firme e forte. Segundo a FGV, no acumulado de julho até a terceira quadrissemana, os preços do leite longa vida subiram 22,44%. Ou seja, nada indica que o alívio momentâneo do fim de julho continue existindo pelos próximos meses.