F-O-C-O. É uma das competências mais valorizadas pelo mercado de trabalho atualmente. Tanto que uma pesquisa de 2018 da Udemy, plataforma global de ensino e treinamento profissional com mais de 4 mil clientes (entre organizações públicas, privadas e do terceiro setor), mostra que 36% das pessoas nascidas da segunda metade dos anos 80 ao começo dos anos 2000 – de 16 a 34 anos – gastam pelo menos duas horas por dia olhando seus celulares para tarefas ou ações relacionadas à vida pessoal. E isso não é um fenômeno etário. Cada vez mais, profissionais de todas as idades sucumbem à tentação da distração. Tanto que o mesmo levantamento revela que 66% das pessoas nunca conversaram com seus superiores sobre a dificuldade de concentração no ambiente de trabalho e 70% acreditam que treinamentos ajudariam a dar foco.

E aqui reside o problema. Treinamento significa investimentos que muitas corporações já dedicam a inúmeras outras necessidades, muitas vezes mais urgentes, vinculadas a objetivos financeiros. Isso faz com que a questão do foco fique nas mãos de cada profissional. E autodisciplina é algo muito difícil de se alcançar o tempo todo sem apoios externos. Para isso, o primeiro passo é ter clareza. Se você não sabe de forma simples e clara seu objetivo, ninguém poderá ajudá-lo. No próximo café em família, conte para sua mãe ou sua tia qual sua meta do mês, do semestre e do ano. Não importa a área em que você atua. Se uma delas não entender, esse é o primeiro sinal de que você pode não atingi-las.

O passo 2 será definir as etapas e os skills necessários para chegar lá – inclusive entender que abrir mão de algumas coisas, por algum tempo, não significa necessariamente desistir delas para sempre. É apenas uma forma de alinhar as prioridades com o que se quer alcançar. Isso não é tarefa fácil, porque temos um grande número de distrações ao nosso redor. Conversas improdutivas, barulho, música, TV ligada, convites para um cafezinho a mais, aquela notinha de fofoca ou de esportes piscando na tela e notificações do celular são conhecidas como distrações sensoriais e estão presentes no nosso dia a dia. 

Por mais tentadoras, porém, elas são mais fáceis de ser administradas ou ignoradas, dependendo do seu poder de concentração. Basta desconectar o celular, por exemplo, ou isolar-se em algum lugar mais calmo. Há pessoas que delimitam tempo: só dão aquela olhadinha no celular ou na tela do computador a cada 25 minutos de trabalho. O problema multiplica com as chamadas distrações sentimentais, como problemas de relacionamento e doenças na família. São as mais difíceis de ser controladas porque mexem com o nosso psicológico. 

Procure observar qual delas rouba mais sua atenção e toma mais seu tempo. Ter essa consciência é importante, principalmente na hora de montar estratégias para administrá-las. Durante o processo, é importante continuar fazendo pequenas coisas que te dão prazer, até para não enlouquecer. Ter foco não é sinônimo de sofrimento full time. O prazer é uma ferramenta importantíssima para a manutenção do foco e para que você consiga priorizar suas escolhas – e não se anular completamente.

Na prática, a principal ferramenta para que você mantenha o foco naquilo que deseja alcançar é nunca deixar de visualizar aonde você quer chegar e manter a disciplina para atingir as metas traçadas. Uma dica é listar atividades, colocando prazos para cada uma. E crie o hábito de avaliar rotineiramente se suas atitudes e comportamentos estão congruentes com suas metas e prazos. Uma prática simples, mas que pode cumprir o papel de ser o primeiro grande aliado na conquista de seus objetivos.