Desempregado e com uma dívida que superava R$ 20 mil, o manobrista Richard Marques tentou renegociar seus débitos com o gerente do banco. Sem desconto, as parcelas oferecidas não cabiam em seu orçamento. Foram quase três anos recebendo ligações de cobrança, até descobrir, na internet, que podia conseguir condições melhores para limpar seu nome.

“Tentei negociar, mas a parcela era muito alta. A gente fica constrangido, porque quer pagar, mas sem emprego não dá.” Ele conta que, junto com a esposa, começou a procurar ofertas melhores.

Por meio de um dos novos serviços de renegociação de dívidas na internet, fez uma proposta e obteve desconto de 92% no valor devido. Suas dívidas, que totalizavam R$ 24 mil, foram quitadas por R$ 1.878.

Marques não está sozinho em buscar de canais digitais – portais de autonegociação, chat, e-mail, SMS, WhatsApp, Messenger e agente virtual – para renegociar pendências. Quase a metade dos brasileiros (48,8%) com contas em atraso já negocia por meio de canais digitais, revela pesquisa do Instituto Geoc, que reúne 16 empresas de cobrança. A enquete, que ouviu 2.434 pessoas no início do mês, mostra que no último ano houve um avanço de 20% no volume de renegociações por meio de canais digitais.

Segundo Dilson Moura de Sá, fundador da Acordo Certo, fintech que atua no segmento de renegociação de dívidas, o número de acordos firmados mais do que triplicou – de 15 mil, em janeiro, para 55 mil, em setembro. Na BLU 365, houve um aumento de 8% no número de acordos fechados em 2018, diz Natália Alexandria, diretora comercial.

O movimento motivou o relançamento da ferramenta de renegociação de dívidas online da Serasa. Segundo o gerente da Serasa Consumidor, Lucas Lopes, atualmente, 27 milhões de pessoas podem renegociar suas dívidas na plataforma.

Em cerca de 90 dias, credores repassam a cobrança da dívida para empresas terceirizadas. Com acesso aos dados do devedor, tem início o trabalho de organização da informações. Por meio de ferramentas de inteligência artificial e análise de dados, são exploradas outras formas para que o inadimplente renegocie a dívida.

“Colocamos anúncios direcionados, usamos algoritmos e marketing digital para que o cliente chegue até nós”, diz Sá, da Acordo Certo. Em 60% dos acordos fechados, é o devedor quem busca a empresa para saldar dívidas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.