Quase 30 pessoas foram mortas nesta quinta-feira (21) por dois homens-bomba que se explodiram em um mercado no centro de Bagdá, o ataque mais mortal em três anos na capital iraquiana.

Um primeiro homem acionou seu cinto de explosivos no meio de vendedores e compradores num mercado de roupas de segunda mão na Praça Tayaran, informou o Ministério do Interior.

Enquanto uma multidão se formava para tentar ajudar as vítimas, um segundo homem-bomba detonou seus explosivos, acrescentou o Ministério.

Segundo o último balanço comunicado à AFP por uma agência oficial iraquiana, 28 pessoas morreram e 73 ficaram feridas.

Os médicos dizem que estão sobrecarregados na metrópole de dez milhões de habitantes, onde o Ministério da Saúde anunciou que colocou todo o pessoal médico em alerta máximo.

Na praça, um cruzamento movimentado de Bagdá, poças de sangue eram visíveis, assim como pedaços de roupas rasgadas pelas explosões, observou um fotógrafo da AFP.

Soldados e paramédicos foram enviados à praça, com os primeiros bloqueando o acesso e os segundos ocupando-se em mover corpos ou ajudar feridos, em um balé de ambulâncias com sirenes inebriantes.

Três anos atrás, no mesmo lugar, um ataque semelhante matou 31 pessoas.

– Retirada americana –

Como em 2018, este ataque ocorre enquanto as autoridades iraquianas discutem a organização de eleições legislativas, um evento regularmente acompanhado de violência no Iraque.

Eleições antecipadas para a formação de um novo Parlamento foram prometidas pelo governo para junho.

Mas as autoridades estão atualmente propondo um adiamento até outubro, a fim de dar mais tempo à Comissão Eleitoral para organizar a votação.

No entanto, muitos políticos dizem duvidar da realização de eleições antecipadas – em junho como em outubro – porque a condição sine qua non é a dissolução do Parlamento.

No entanto, apenas os deputados podem votar a sua própria dissolução e nenhum deu qualquer garantia a este respeito.

O duplo atentado suicida desta quinta ainda não foi reivindicado, mas esse modus operandi é o mesmo utilizado pelo grupo Estado Islâmico (EI), que chegou a ocupar quase um terço do Iraque a partir de 2014 antes de Bagdá declarar vitória sobre os jihadistas no final de 2017.

Desde então, as células jihadistas se refugiaram nas muitas áreas montanhosas e desérticas do país. Até agora, porém, o EI assumiu a responsabilidade apenas por ataques em pequena escala, geralmente realizados à noite contra posições militares em zonas isoladas longe das cidades.

Os últimos ataques com muitas vítimas fatais em Bagdá datam de junho de 2019.

O atentado de hoje ocorre no momento em que os Estados Unidos reduzem o número de suas tropas no Iraque para 2.500, uma queda que “reflete o aumento da capacidade do Exército iraquiano”, nas palavras do chefe do Pentágono, Christopher Miller.

Essa redução “não significa uma mudança na política dos Estados Unidos”, frisou.

“Os Estados Unidos e as forças da coalizão permanecem no Iraque para garantir uma derrota duradoura” do EI.

Os Estados Unidos estão à frente de uma coalizão internacional implantada no Iraque desde 2014 para combater o EI.

Quase todas as tropas dos outros estados membros da coalizão deixaram o país em 2020, no início da nova pandemia de coronavírus.