Caro leitor, este é meu primeiro post no blog no novo portal da ISTOÉ DINHEIRO, espaço para o qual tenho a honra de ter sido convidado. Para iniciarmos a conversa, gostaria de desejar, do fundo do meu coração, que você fracasse. Desejo que tropece na tentativa de levar adiante uma empresa nova, especialmente se for empreendedor de primeira viagem. Saboreie o gosto de um retumbante fracasso como se degustasse um prato suculento preparado pelo melhor chef do mundo. E não se preocupe: falo isso para o seu bem – e por experiência própria.

Sei que soa estranho esse elogio ao fracasso. Uma análise um pouco mais aprofundada, no entanto, permite ver que o direito ao erro é bom e contribui para que você evolua como gestor e líder de equipes e negócios. A experiência de fracassar mostra que você experimentou e testou um caminho novo. Não importa que sua ideia não tenha vingado dessa vez. O importante é não se furtar a apostar em ideias criativas, originais e inéditas. O ganho disso será muito maior no futuro e superará qualquer equívoco surgido no meio do caminho.

Eu mesmo já fracassei algumas vezes. No início de minha carreira, antes do Buscapé, montei algumas startups que não deram certo. Em vez de parar, continuei. O que aprendi nessas ocasiões – e em tantas outras cabeçadas ao longo dos anos – foi fundamental para que eu ajudar, ao lado de meus sócios e de toda a nossa equipe, a fazer do Buscapé a companhia que é hoje.

Para nós, brasileiros, pensar nos benefícios do fracasso exige mudar uma chavinha em nossa cabeça. Isso porque, no Brasil, não obter o sucesso em algum projeto é visto como sinal de incapacidade, incompetência, amadorismo. Assim, forma-se o terreno pantanoso do medo. O resultado disso é que, por receio da repercussão que um possível fracasso possa causar, o empreendedor se coloca na defensiva e mata a atitude inovadora. Deixa de refletir sobre o estratégico para pensar só no tático, que é movido pelo imediatismo. O medo paralisa. A dor de uma decisão errada é três vezes mais forte que o prazer de um acerto. Resumo da ópera: não inova, não experimenta, não descobre novas oportunidades.

Nos EUA, por sua vez, a história é diferente. Lá, é muito comum as pessoas compartilharem entre si as experiências malsucedidas. Quebrou uma startup? Tudo bem. Isso pode até contar a seu favor na hora de conseguir recursos de uma venture capital para um novo negócio, pois a experiência adquirida é valorizada pelos investidores, entre outros aspectos. As pessoas contam os fracassos como se fossem glórias. E de fato são – afinal, eles arriscaram e tentaram.

Esse aspecto é importante porque assim as empresas criam um ambiente propício para que as pessoas testem e falhem. Não adianta tirar conclusões, realizar mil estudos se, de fato, não se tentar nada em termos práticos. Para inovar e empreender, é preciso estar aberto ao fracasso.