27/10/2017 - 19:00
Maior ícone da arquitetura brasileira, Oscar Niemeyer ultrapassou as fronteiras do País. Um dos projetos que colocaram o seu nome em destaque no exterior foi a sede da editora Mondadori, concebida em 1968 e localizada no bairro de Segrate, em Milão. A partir de 9 de novembro, a obra do arquiteto vai ganhar um novo endereço na cidade italiana, mas com outra faceta do seu trabalho, não menos relevante: a de designer de móveis. Nessa data, o número 13 da Via Pietro Maroncelli passa a abrigar a primeira galeria própria fora do Brasil da Etel, uma das principais marcas de móveis autorais do País.
Quem visitar o espaço de 150 m2 instalado no térreo de um prédio de típica arquitetura milanesa terá acesso a todo o portfólio de móveis exclusivos da empresa, com cerca de 400 peças, sem considerar as variações de detalhes e acabamentos, e preços que podem chegar até a faixa de R$ 60 mil. Além de Niemeyer (1907-2012), o catálogo traz reedições de peças assinadas por nomes emblemáticos e pioneiros no avanço do design no País, como Jorge Zalszupin, Branco & Preto e Lina Bo Bardi (1914-1992). Ao lado de coleções contemporâneas de Etel Carmona, fundadora da marca, Lia Siqueira, Claudia Moreira Salles, Isay Weinfeld e outros notórios designers. “Estamos levando a altíssima qualidade do design nacional”, diz Lissa Carmona, diretora-geral e curadora da Etel. “Queremos ser reconhecidos como um grande player global em desenho e, para isso, precisamos estar na vitrine do mundo.”
Parte da trilha para alcançar esse status já foi percorrida. Desde 1994, quando participou da International Contemporary Furniture Fair, em Nova York, sua primeira incursão internacional, a Etel vem chamando a atenção no exterior. E não só pela qualidade dos desenhos. Com uma fábrica em Valinhos (SP), a empresa produz suas peças, todas numeradas, de maneira artesanal, e a partir de madeiras brasileiras, certificadas, um processo que diferencia a marca de boa parte de seus pares. Hoje, as obras da coleção são vendidas em mais de dez mercados, entre eles, Reino Unido, Suíça, Estados Unidos, Líbano e Cingapura. Até 2015, as exportações representavam 10% da receita da companhia. Com a Etel Milano, a projeção é chegar a uma participação de 50% em cinco anos.
A entrada no mercado italiano é um passo decisivo nesse plano. “Mais que um ponto estratégico, Milão é o centro de tudo que acontece no design”, diz Fernando Laterza, coordenador do curso de design da Faculdade Belas Artes. Além da maior proximidade com os grandes escritórios de arquitetura e os demais elos dessa cadeia, Lissa ressalta outros benefícios da chegada à cidade. Já em andamento, as parcerias para transferência de tecnologia e de processos de manufatura com grandes nomes do setor é uma das vertentes. Ao mesmo tempo, a estreia em solo estrangeiro facilita o plano de abrir mais duas galerias no exterior, no prazo de cinco anos, provavelmente, nos Estados Unidos e em outro país europeu. “E ainda estamos a meio caminho da China, da Coreia do Sul e dos países do Oriente Médio”, afirma Lissa. “Teremos tempo e condições de entender melhor esses mercados.”