Em Dezembro de 1914, havia trincheiras nas frentes de batalha da Bélgica e da França. Os soldados disparavam através de uma terra-de-ninguém semeada de soldados feridos e mortos. No dia 24 de dezembro, porém, em certos pontos da frente ocidental, os alemães colocaram nos parapeitos das trincheiras árvores iluminadas e os Aliados juntaram-se a eles numa paz improvisada: foi a trégua de Natal da Primeira Grande Guerra, cujo centésimo aniversário se celebrou em dezembro de 2014.

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A trégua “borbulhava a partir das fileiras” apesar das proibições contra a confraternização, defende o historiador Stanley Weintraub. Depois de promessas gritadas entre trincheiras, alguns soldados dedicaram cânticos de Natal aos adversários. Outros emergiram para dar apertos de mão e partilhar cigarros. Muitos concordaram em estender a paz até ao dia de Natal para se poderem encontrar de novo e enterrar os mortos. Cada lado ajudou o outro a cavar sepulturas e a realizar homenagens fúnebres. Os soldados partilharam comida e presentes, trocaram botões de uniformes como lembranças e se enfrentaram em partidas de futebol.

“Ali ninguém queria continuar a guerra”, assegura Weintraub. Mas as altas patentes ameaçaram os soldados que fugiam ao cumprimento do dever. Com o início do novo ano, ambos os lados “continuaram o seu trabalho sombrio”, diz o historiador. Muitos recordaram carinhosamente a trégua nas cartas enviadas para casa e em notas dos seus diários: “Maravilhosamente espantoso, ainda que muito estranho”, escreveu um soldado alemão.