O empresário Pedro Paulo Diniz foi o entrevistado da live da IstoÉ Dinheiro, na segunda-feira, 23. Ele é o CEO da Rizoma Agro, uma empresa produtora, pesquisadora e desenvolvedora de tecnologia para a produção regenerativa orgânica, a maior produtora de grãos e leguminosas regenerativas orgânicas do Brasil. Diniz também é proprietário da Fazenda Toca, que se transformou em um polo de produção de orgânicos em larga escala no País. Na entrevista, ele falou sobre agroecologia, agricultura orgânica, sustentabilidade e agribusiness, em especial agricultura regenerativa orgânica, um conceito ligado à possibilidade de produzir recuperando os solos, regenerando os sistemas agrícolas ao longo do tempo. “É o futuro. Se a gente se aliar à natureza gera muita abundância”, avalia.

Em direção diametralmente oposta às queimadas arrasadoras, muitas criminosas, que elevam a perda de biomas, a proposta defendida por Diniz visa a regeneração e transformação de todo o sistema de produção alimentar, que envolve as comunidades rurais, o trato com a biodiversidade e, ao cabo, o bem-estar dos consumidores. Ou seja, a ideia dele é retirar carbono da atmosfera, aumentar a biodiversidade e otimizar recursos naturais, como o ciclo da água nas terras agrícolas. Essa regeneração da agricultura deve levar em conta, segundo Diniz, além dos aspectos econômicos, as questões ecológicas, éticas e de igualdade social. “É um negócio muito saudável e rentável. Quando a gente compete, gera escassez; quando a gente colabora, gera abundância”, avalia.

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Filho do conhecido empresário Abílio Diniz, presidente do conselho de administração da BRF, e ex-piloto de Fórmula 1, o empresário detalhou na live os desafios da produção regenerativa orgânica, citou os sistemas de produção da Rizoma Agro/Fazenda Toca, que são diversificados, as estratégias dos plantios e comentou sobre os gargalos referente ao “Custo Brasil” que o setor enfrenta. “Os benefícios dessa agricultura são inegáveis. A produtividade do orgânico pode ser melhor que da agricultura convencional. O maior desafio ainda é o custo de produção”. Porém, Diniz entende que “o Brasil é competitivo. No futuro, vamos produzir orgânico com o mesmo custo do convencional”, adverte.

Na conversa, ele falou sobre a sua empresa ter sido anunciada como a primeira do mundo a ser certificada como Green Bond (selos verdes), títulos de dívida voltados à captação de recursos para investimentos em projetos de sustentabilidade e mitigação das mudanças climáticas. É a primeira vez que uma empresa do segmento agrícola conquista esse certificado. “É muito bom ser o primeiro em alguma coisa”, comemora. A captação anunciada foi o resultado de uma emissão de R$ 25 milhões de Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), títulos de renda fixa lastreados em recebíveis originários de negócios realizados entre produtores rurais ou suas cooperativas e terceiros.

Os recursos captados pela sua empresa serão aplicados na expansão da agricultura regenerativa orgânica da Fazenda Toca e a Rizoma Agro. No entendimento de Pedro Paulo Diniz, o mercado tem tudo para crescer ainda mais. “Nossa aposta é que o mercado ficará cada vez melhor”, diz e justifica: “a demanda é cada vez maior.” O empresário credita essa perspectiva de melhora do mercado ao consumidor que, cada vez mais, está de olho na saúde. “A crise sanitária [do coronavírus] foi uma chamada de atenção para as pessoas prestarem mais atenção na saúde. Meu sentimento é que o consumidor quer, cada vez mais, produtos saudáveis e alimentação saudável é produto orgânico. É uma mudança que vai acontecer cada vez mais”, diz.

Pedro Paulo Diniz, na live, fez uma duríssima crítica a Bolsonaro sobre a forma como a administração federal lida com o meio ambiente. Para ele, o descaso do governo com as questões ambientais, fechando os olhos para o desmatamento na Amazônia, e a falta de controles ambientais têm gerado uma repulsa mundial. “Está pegando muito mal para a imagem do agronegócio brasileiro. É uma miopia do governo brasileiro”, critica. Na entrevista, ele chega a avaliar que o futuro do País, que se manter essa visão obtusa para a devastação ambiental terá perdas nos negócios e investimentos mundiais. Principalmente depois da posse de Joe Biden, novo presidente do EUA. “É uma incoerência enorme a gente não ver o nosso maior ativo. Investir em sustentabilidade é um grande negócio, é o futuro”, finaliza.

Diniz também é fundador da PPD Holding, empresa de investimentos dedicada a projetos com o modelo triple botton line, que traz benefícios para a sociedade, o planeta e as empresas. Ele é conselheiro do Projeto Drawdown, que lançou no Brasil o livro Drawdown: 100 Iniciativas Poderosas para Resolver a Crise Climática e participa do conselho do Kiss The Ground, organização americana sem fins lucrativos que tem como missão a regeneração do solo. Vale destacar que ele foi produtor-executivo do documentário Solo Fértil, lançado recentemente no Netflix e que tem no elenco Giselle Bündchen e outras personalidades ligadas à causa ambiental.