Se o cliente não vai à Qualicorp , a Qualicorp vai ao cliente. A nova estratégia da maior administradora de planos de saúde do País, orquestrada pelo CEO Bruno Blatt, é seguir o caminho contrário da maioria das empresas do setor e expandir seus negócios com lojas físicas. O plano é testar, com oito unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro, uma relação mais próxima com os clientes. “Percebemos que a empresa estava distante do consumidor final”, disse o executivo. “Ao desconstruir nosso antigo modelo de venda e ajudar a formatar planos customizados às necessidades de cada pessoa, vamos dar mais acesso à saúde privada”, afirmou Blatt.

Na Grande São Paulo, as chamadas Qualistores ficam nos shoppings Anália Franco, Pátio Paulista, Taboão e Vila Olímpia. Já na região metropolitana do Rio, ficarão no Botafogo Praia Shopping, Carioca Shopping, Norte Shopping e Plaza Niterói. Os locais servirão como canais de vendas e como pontos de suporte para consumidores que precisarem esclarecer dúvidas, conhecer as opções do portfólio ou fazer alterações de plano. Além disso, as lojas também poderão ser utilizadas por corretores parceiros para se relacionarem com clientes.

O ataque da Qualicorp no varejo está embalado por um ritmo aquecido. Desde que assumiu a presidência da empresa, há 15 meses, Blatt viu a média mensal de novos contratos mais do que dobrar — atualmente, são 50 mil vidas por mês, um recorde nos 24 anos de história da companhia. “A empresa era muito concentrada no Sudeste. Com o crescimento do mercado aceleramos também nossa expansão para todas as partes do País.”

PLANOS CUSTOMIZADOS As Qualistores ajudarão a empresa a oferecer coberturas ajustadas à demanda do cliente. (Crédito:Fernando Cavalcanti)

Além das lojas físicas, a Qualicorp também promoveu uma reestruturação de sua marca. No universo do marketing, a Qualicorp virou Quali. “A mudança da identidade visual celebra o novo momento da Quali e apresenta o nosso posicionamento que é oferecer ao cliente a mais completa plataforma de planos de saúde de uma companhia feita de pessoas que cuidam de pessoas”, disse Blatt.

A mudança de marca e as lojas físicas não representam, segundo Blatt, um retrocesso na digitalização dos negócios. O lado on-line da Qualicorp também recebeu reforços importantes recentemente, como a abertura das vendas de seus produtos para os corretores em âmbito nacional. “Os clientes de um corretor de São Paulo, por exemplo, não são mais apenas os do entorno imediato, ele poderá atender a demanda no Nordeste.”

AQUISIÇÕES Em paralelo a ampliação e diversificação do seu modelo de atendimento, a empresa vem fazendo aquisições e firmando parcerias. Neste ano, a Qualicorp adquiriu o Grupo Elo (composto pelas seguradoras Elo e APM) e uma participação na Escale (startup focada em vendas digitais por meio da coleta e uso de dados de consumidores). Entre os novos parceiros estão Seguros Unimed e Central Nacional Unimed (CNU), Sincor-SP (Sindicatos dos Corretores de São Paulo), CGC Saúde, Sindicato dos Atletas, Samp-ES (Secretaria Nacional dos Motociclistas Profissionais) e outros. Tudo para expandir as opções em planos de saúde.

PREVENT SENIOR NA MIRA DA ANS

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou, na quarta-feira (13), a instauração do regime especial de direção técnica na operadora Prevent Senior, acusada de exigir que profissionais receitassem medicamentos ineficazes para o tratamento da Covid-19 sem o conhecimento dos pacientes. A medida pressupõe que um agente acompanhará procedimentos da empresa in loco para identificar ações que coloquem em risco a continuidade e a qualidade da assistência prestada aos usuários dos planos.

Em nota, a ANS informa que a decisão foi tomada em reunião da diretoria colegiada. O comunicado também reiterou que a empresa tomou conhecimento das denúncias contra a Prevent Senior por meio da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades associadas à gestão da pandemia de Covid-19. “É importante esclarecer que não se trata de uma intervenção, pois a ANS não interfere na gestão da operadora, mas de um acompanhamento com análises permanentes de informações e definição de metas a serem cumpridas pela operadora.”

Em um dossiê entregue à CPI e em depoimentos, médicos que trabalhavam para a operadora relataram que medicamentos ineficazes contra a Covid-19, como ivermectina e hidroxicloroquina, eram ministrados sem comunicação aos pacientes. Eles também disseram que foram realizados estudos sem as devidas autorizações, que houve alteração de prontuários e atestados de óbito e que os profissionais eram orientados a trabalhar mesmo se estivessem infectados. Uma investigação também foi aberta no Ministério Público de São Paulo.

Quando prestou depoimento na semana passada, o diretor-presidente da ANS, Paulo Roberto Rebello Filho, já havia informado que a agência não tinha conhecimento a respeito das denúncias. As questões relatadas não apareceram nos monitoramentos. “A ANS regula as operadoras de planos de saúde e não atua dentro de hospitais. Essa atividade é desempenhada por outros órgãos que atuam no setor de saúde, como os órgãos de vigilância sanitária e os conselhos federal e regionais de medicina”, disse a agência.