Observe os seguintes dados de uma pesquisa do Sebrae: 68% dos pequenos e microempresários obtêm crédito diretamente com seus fornecedores. É o mesmo procedimento de um consumidor que compra um eletrodoméstico parcelado em dez vezes. Cartão de crédito e cheque especial são mecanismos usados por 51% (uma mesma empresa pode usar mais de um tipo de empréstimo). E na terceira posição vem o cheque pré–datado, com 47%. São alguns dos canais de financiamento mais caros do mercado. A burocracia, as exigências de garantia e a falta de informação contribuem para que empreendedores optem por buscar recursos que não são os mais baratos. 

 

Em função disso, o Santander oferece uma linha de capital de giro com prazo de até 36 meses e bonificação de até três parcelas para clientes pontuais no pagamento.“Crédito com aval, sem garantia, tem taxa de juros maior por conta do risco”, afirma o diretor de pequenas e médias empresas do banco Santander, Ramon Camino. 

 

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Para não ficar amarrado aos exorbitantes juros dos cartões e do cheque especial, o empreendedor pode optar pelo microcrédito, se precisar de empréstimo de até R$ 10 mil ou então se associar a uma cooperativa de crédito, que empresta com menos burocracia e pratica taxas inferiores as dos bancos.

 

“O microcrédito foca em um público não bancarizado ou que não consegue atender as exigências burocráticas. Os juros giram em torno de 3,9% ao mês. Não é uma taxa baixa, mas para quem não tem acesso a crédito de nenhum tipo, ela passa a ser boa”, comenta Luiz Ricardo Grecco, especialista em finanças do Sebrae.

 

Outra opção de empréstimo é o ‘cartão de crédito’ do BNDES. Com ele, o empresário só pode comprar de fornecedores credenciados pelo banco. Focado em micro, pequenos e médios empresários, o sistema possibilita o parcelamento em até 48 meses com taxa de juros de 0,97% ao mês. “Os juros tradicionais são o dobro ou mais que o dobro disso. Todos acima de 2% ao mês”, afirma Rodrigo Bacellar, do BNDES. 

 

Atualmente, o cartão pode ser obtido em bancos como Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banrisul, mas outras instituições passarão a oferecer o produto em breve. Já foram emitidos 312 mil cartões, 88% para microempresas. No ano passado o sistema movimentou R$ 2,5 bilhões e a expectativa é de que 2010 feche com R$ 4,2 bilhões. 

 

Quem opta pelo Finame, outra modalidade oferecida pelo BNDES, pode se utilizar de uma ferramenta nova criada pelo próprio banco. É o FGI (Fundo Garantidor de Investimentos), que está disponível desde maio deste ano. De acordo com Marcelo Porteiro, do BNDES, o FGI oferece até 80% de garantia aos empréstimos. É uma forma de estimular a liberação do dinheiro, mas não é seguro. O tomador não se livra de pagar a dívida nem o banco de cobrá-la.
 

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Patrícia Bentes: Fundos de private equity são opção para capitalizar uma empresa e
fazê-la crescer, mas “devem ser avaliados à luz de fatores estratégicos” 

Para quem quer evitar bancos, os fundos de private equity podem ser uma opção interessante. Por meio de um fundo, investidores compram cotas da empresa e passam a ser acionistas. O dinheiro é usado para fazer a empresa crescer e há todo um controle

pra que isso ocorra. 

 

Não existe juro como num empréstimo comum e sim a remuneração do investidor conforme a rentabilidade do empreendimento. O custo para essas opções de capitalização está no processo de estruturação, feito por empresas especializadas. Demora de 3 a 9 meses, dependendo da complexidade da transação e custa de 2% a 5% mais a remuneração do investidor, podendo chegar a 25% conforme as circunstâncias. Mas deve-se compreender que o retorno também pode ser grande. 

 

“Estes tipos de operações devem ser avaliados à luz de fatores estratégicos, à construção de alternativas a empréstimos bancários e da empresa se mostrar a investidores”, diz Patricia Bentes, sócia-diretora da Hampton Solfise, empresa especializada em finanças estruturadas e securitização.