Ao longo dos tempos, a probabilidade de um vestígio espacial entrar na Terra e matar alguém tem sido reduzida. Apesar de já haver registos de feridos ou danos materiais, não há ainda evidências de alguém ter morrido por este motivo. Agora, um estudo publicado na Nature Astronomy usa modelos matemáticos para prever estas probabilidades ao longo dos próximos dez anos.

Antes de mais nada, convém referir que a cada minuto todos os dias, há vestígios naturais, desde micropartículas de asteroides a vestígios de cometas entrando na atmosfera e atingindo a superfície da Terra, chegando às 40 mil toneladas por ano. Este tipo de vestígios, embora não seja um grande perigo para a vida humana, representa um risco para as aeronaves e missões espaciais.

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Mais espaçadamente, somos ‘bombardeados’ com meteoritos ou outros corpos com algumas dezenas de metros e, ainda mais raramente, objetos com diâmetros de quilômetro podem chegar à superfície e causar danos (como o que afetou os dinossauros).

Feito o preâmbulo, os pesquisadores se dedicaram a analisar o impacto da entrada na atmosfera de peças remanescentes de missões espaciais, como foguetes ou outros vestígios de equipamentos. Para a análise, consideraram a inclinação e órbita dos foguetes no espaço, a densidade populacional em Terra e 30 anos de dados de observações de satélites. O ScienceAlert noticia que há uma probabilidade de 10% de que a reentrada destes na atmosfera possa resultar numa ou mais mortes nos próximos dez anos. O estudo indica ainda que as latitudes de Jakarta, Daca ou Lagos na Nigéria têm três vezes mais probabilidade de serem atingidas do que Pequim, Nova Iorque ou Moscou.

Até o momento, este potencial sempre foi negligenciável. Mas agora, com a proliferação de empresas privadas se lançando para o espaço, com o aumento do ritmo de lançamentos de novas missões e satélites, é fácil perceber que a probabilidade tenha tendência para aumentar e causar não só impacto na operação de voos e atividades nos céus e no espaço, bem como nos edifícios em Terra e, em última instância, para a vida humana diretamente.

Os cientistas revelam algumas medidas que podem ser implementadas para minimizar este risco: utilização de sistemas de controlo de reentrada dos vestígios (que são ainda bastante dispendiosos), utilização de combustível ou baterias até ao fim em vez de serem armazenados para lá da duração da missão do satélite ou nave e a escolha de órbita em que sejam produzidos menos vestígios ou a programação para os satélites entrarem em baixa órbita no fim da missão, acabando por ser incinerados, são possíveis formas de mitigar este risco.

Várias organizações estão prestando cada vez mais atenção ao tema, com o planeamento de missões de captura e remoção do lixo espacial.

Por último, os autores do estudo recomendam ainda uma cooperação internacional, intergovernamental, que dite as regras pelas quais todas as missões e lançamentos se devem reger.