O presidente da Rússia, Vladimir Putin, desembarcará nesta segunda-feira (6) na Índia com o objetivo de fortalecer as relações militares e no setor de energia com um aliado tradicional que também é cortejado pelos Estados Unidos.

A Índia foi um país próximo da ex-União Soviética durante a Guerra Fria e a relação perdurou tanto que Nova Délhi a classifica como “uma aliança estratégica especial e privilegiada”.

“A amizade entre Índia e Rússia resistiu ao teste do tempo”, afirmou o primeiro-ministro indiano Narendra Modi a Putin em uma reunião virtual em setembro. “Sempre foi um grande amigo da Índia”.

Esta é a segunda viagem internacional do presidente russo desde o início da pandemia, depois de uma reunião em junho na cidade de Genebra (Suíça) com o presidente americano, Joe Biden.

“Isto é muito simbólico”, comentou Nandan Unnikrishnan, do centro de estudos Observer Research Foundation de Nova Délhi.

Mas Putin terá que lidar com uma dinâmica regional complexa, consequência das tensões crescentes entre Índia e China, outro tradicional aliado de Moscou, após confrontos letais na região do Himalaia.

“A influência russa na região é muito limitada”, afirmou Tatiana Belousova da OP Jindal Global University de Haryana, “em especial devido aos vínculos com a China e a indisposição de contrariar os interesses regionais chineses”.

A Rússia é um fornecedor de armas de longa data da Índia, que busca modernizar suas Forças Armadas, e um de seus maiores contratos inclui a compra de mísseis terra-ar S-400 de longo alcance.

O acordo avaliado em mais de US$ 5 bilhões foi assinado em 2018 e as entregas já começaram, mas este pode colocar em risco o relacionamento crescente entre Nova Délhi e Washington, que ameaçou aplicar sanções em função da compra.

“É bastante notável que a Índia tenha decidido seguir com a compra dos S-400, apesar da desaprovação dos Estados Unidos”, comentou Belousova.