O tiro de Vladimir Putin contra o avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em países vizinhos, por enquanto, parece ter saído pela culatra. Apesar de ter conseguido barrar a entrada da Ucrânia, com a invasão do país vizinho em 26 de fevereiro, Finlândia e Suécia — historicamente neutros — oficializaram na quarta-feira (18) o pedido formal de adesão à aliança militar, considerada pela Rússia seu principal inimigo atual. A decisão dos dois países amplia ainda mais a isolamento de Moscou.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, que recebeu os pedidos em Bruxelas, na Bélgica, disse que o ato marca um momento histórico. Se aprovada, a novas adesões criam um escudo militar contra o avanço russo no mar Báltico e consolidam a presença da aliança em países próximos à Rússia. Hoje, Letônia, Estônia e Lituânia, vizinhas da Rússia, integram a Otan. A entrada da Finlândia, no entanto, expande a fronteira da aliança para mais que o dobro da atual. Finlândia e Rússia compartilham 1,3 mil quilômetros de fronteiras. Na Suécia a vantagem é que o país vem desde 2020 reforçando as operações no mar Báltico e os gastos militares, que já somam 1% do PIB, fatia que terá de ir a 2% caso a nação passe a integrar a Otan. O maior obstáculo é a Turquia, membro da Otan que declarou não apoiar a entrada dos novos membros. Para que um novo país entre na aliança, é preciso a aprovação de todos os atuais integrantes, por unanimidade. O presidente turco, Recep Tayip Erdogan, critica os dois países por terem concedido asilo e refúgio a turcos que integram o PKK, o grupo nacionalista curdo que Ancara considera terrorista. Erdogan afirmou que só dará o aval caso os governos finlandês e turco aceitem repatriá-los.

Vladimir Astapkovich

“A expansão da infraestrutura militar para este território [Suécia e Finlândia] certamente causará nossa resposta” Vladimir Putin Presidente da Rússia.