Por Lisandra Paraguassu

SÃO PAULO (Reuters) – O PSOL oficializou neste sábado o apoio formal, no primeiro turno, do partido à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial deste ano, sem se comprometer a participar de um futuro governo, em um evento em que Lula repetiu sua defesa do fim do teto de gastos, não privatizar a Eletrobrás e acabar com os clubes de tiro criados durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.

O PSOL entregou ao ex-presidente uma proposta de plano de governo com 12 pontos que, os próprios membros do partido reconhecem, podem ir além do que o PT gostaria, mas ouviram de Lula que pode ser até mesmo pouco.

“O programa de vocês talvez ainda seja fraco diante das coisas que vamos ter que fazer nesse país”, disse Lula. “Eu não posso fazer menos do que eu já fiz. Se eu empatar eu já perdi.”

No encontro, depois de um dia inteiro de discussões internas do PSOL, Lula reencontrou ex-correligionários que deixaram o PT por discordar das concessões que o ex-presidente fez durante o seu governo. Mas ouviu de pessoas como o deputado federal Ivan Valente (SP), um ex-petista que foi oposição ao governo de Dilma Rousseff, que a situação mudou.

“O momento agora é de reconstrução”, afirmou Valente.

“Não estamos pedindo nada em troca, o que estamos fazendo é pelo Brasil. A porta de saída para esse pesadelo que estamos vivendo é a eleição. E o homem que pode abrir essa porta é Luiz Inácio Lula da Silva”, disse o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros.

Apesar das eternas rusgas dentro da esquerda, Lula conseguiu unir no seu entorno, desta vez, seis partidos deste campo. Além do PSOL, estão na coligação PSB, PV, PCdoB, Rede e Solidariedade –o maior grupo de partidos em torno de um candidato até agora.

No evento com o PSOL, como nos anteriores com a Rede e o PSB, o presidente Jair Bolsonaro foi alvo de vaias e palavras de ordem. Em um tom que mostra que a campanha já começou, Lula voltou a artilharia novamente contra o presidente.

“Esse homem não é cristão, esse homem é um fariseu”, repetiu, acusando Bolsonaro de usar a religião apenas como motor político e de se interessar apenas por armas, e não pela educação.

“Se preparem, porque esses clubes de tiro que foram criados vão fechar. Vamos criar clubes de leitura. Em vez de tiros nós teremos livros”, afirmou.

No domingo, Lula comparecerá a um ato para marcar o Dia do Trabalhador com praticamente todas as centrais sindicais –será a primeira eleição em que irá concorrer com o amplo apoio deste setor, já que a Força Sindical este ano se uniu às demais, quando em eleições anteriores tinha defendido outros candidatos.

Na terça-feira, será a vez do Solidariedade formalizar o apoio ao ex-presidente.

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