Por Muyu Xu e Shivani Singh

PEQUIM (Reuters) – A maior economia provincial do nordeste da China alertou para o agravamento dos problemas de abastecimento de energia nesta segunda-feira, apesar dos esforços governamentais para aumentar o suprimento de carvão e administrar o uso de eletricidade em meio a uma crise energética pós-pandemia que atinge diversos países.

A província de Liaoning emitiu seu segundo alerta mais elevado de blecaute nesta segunda-feira, o quinto em duas semanas, avisando que o déficit de energia pode chegar a quase 5 gigawatts (GW).

Liaoning tem a maior economia e é a maior consumidora de energia das três províncias que compõem a região industrial do cinturão da ferrugem chinês, que sofre cortes de energia abrangentes desde meados de setembro. Um alerta de nível dois indica uma falta de energia equivalente a entre 10% a 20% da demanda total.

A retomada da atividade econômica global no momento em que as restrições do coronavírus são suspensas expõe a falta de combustíveis usados na geração elétrica na China e em outros países, o que deixa setores e governos em apuros agora que o inverno se aproxima do hemisfério norte.

“O maior desabastecimento de energia poderia chegar a 4,74 gigawatts (GW) no dia 11 de outubro”, disse um informe publicado pelo Departamento Provincial da Indústria e da Informatização de Liaoning.

Uma ordem para restringir o uso de eletricidade entrou em vigor às 6h do domingo, acrescentou o informe.

A província também emitiu dois alertas de nível dois em cada um dos três últimos dias de setembro, quando a falta diária de energia chegou a 5,4 GW, deixando centenas de milhares de lares sem luz e obrigando usinas industriais a suspenderem a produção.

A queda de produção das usinas de energia veio na esteira da restrição do suprimento e da disparada do preço do carvão, usado para gerar mais de 70% da eletricidade da região. Fazendas eólicas também estão paradas devido à velocidade baixa dos ventos –a energia eólica representou 8,2% da geração de energia de Liaoning em 2020.

A crise energética, que causa escassez de combustíveis e falta de energia em alguns países, sublinha a dificuldade para se diminuir a dependência da economia global dos combustíveis fósseis no momento em que líderes de todo o mundo se preparam para tentar ressuscitar os esforços para enfrentar a mudança climática na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) no mês que vem em Glasgow.

Analistas e negociantes dizem que China pode enfrentar uma queda de 12% no consumo de energia industrial durante o quarto trimestre, já que se acredita que o suprimento de carvão não bastará neste inverno.

(Reportagem adicional de David Stanway)

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