Após as vitórias do regime de Bashar al-Assad e de sua aliado, Rússia, nos últimos meses perto de Damasco e no sul da Síria, a província de Idlib é o próximo alvo das forças do regime.

Dominada pelos extremistas do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), esta província do noroeste da Síria recebeu nos últimos anos dezenas de milhares de rebeldes e civis que abandonaram outros redutos insurgentes recuperados pelo regime.

– “Próxima Aleppo” –

Em 15 de dezembro de 2016, o enviado da ONU Staffan de Mistura avisa que a cidade de Idlib corre o risco de se tornar “a próxima Aleppo”. A segunda cidade da Síria foi retomada no mesmo mês pelo governo após uma ofensiva devastadora.

Desde em outubro, o presidente Assad diz que usaria uma vitória em Aleppo como um “degrau” para capturar outros redutos rebeldes.

– Ofensiva na periferia –

Um ano depois, em dezembro de 2017, as forças do regime, apoiadas pela aviação russa, iniciaram uma operação nos arredores da província de Idlib.

O objetivo do regime era conquistar o sudeste de Idlib para garantir uma estrada que liga Aleppo à capital Damasco, de acordo com a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Várias semanas de combates permitiram que o regime assumisse o controle de cerca de 400 localidades, assim como o aeroporto militar de Abu Duhur.

– Seis vezes pior que Ghuta –

Em 16 de maio de 2018, Staffan de Mistura diz que, “se o cenário de Ghuta se repetir para Idlib, pode ser seis vezes pior” em termos de destruição e vítimas.

Ghuta Oriental, uma fortaleza insurgente às portas de Damasco, foi reconquistada pelo regime depois de uma ofensiva destrutiva que matou mais de 1.700 civis, segundo o OSDH.

O modo de atuação é sempre o mesmo, de acordo com o funcionário da ONU: bombardeios, negociações e evacuações. Mas em Idlib há 2,3 milhões de pessoas, “metade das quais já são deslocados e não têm para onde ir”.

– O objetivo Idlib –

Em 26 de julho de 2018, Bashar al-Assad declara: “Idlib agora é nosso objetivo, mas não é o único”.

“O Exército, a seu critério, decidirá as prioridades, e Idlib é uma de suas prioridades”, acrescentou.

– Bombardeios –

Em 9 de agosto, as forças do regime bombardearam posições rebeldes e jihadistas na província e lançaram panfletos, pedindo a rendição dos habitantes.

“Esses bombardeios são o prelúdio de um ataque, mas não há progressos no terreno”, afirmou o o OSDH.

Reforços militares, incluindo soldados, equipamentos, veículos e munições, foram enviados à região.

Em 22 de agosto, o grupo jihadista Hayat Tahrir Al-Sham (HTS) alertou os grupos rebeldes contra qualquer acordo de “reconciliação” com Damasco, como os que foram concluídos em outros redutos insurgentes.

– Operação contra os “terroristas” –

Em 24 de agosto, em visita a Moscou, o chefe da diplomacia turca, Mevlüt Cavusoglu, alertou contra uma “catástrofe”, em caso de ofensiva do regime sírio em Idlib.

“É muito importante, no entanto, que estes grupos radicais, os terroristas, sejam neutralizados. Também é importante para a Turquia porque estão do outro lado da nossa fronteira”, disse Cavusoglu.

No dia 29, seu colega russo, Serguei Lavrov, disse esperar que os países ocidentais não “impeçam a operação antiterrorista” em Idlib.

“É urgente dissociar o que chamamos oposição moderada dos terroristas e preparar uma operação contra eles, minimizando até onde for possível os riscos para a população civil”, afirmou Lavrov.

– ‘Catástrofe humanitária’ –

Em 29 de agosto, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alerta para “os riscos crescentes de uma catástrofe humanitária no caso de uma operação militar em grande escala” na província.

A ONU teme até 800 mil pessoas deslocadas no caso de uma ofensiva.

No dia 30, o ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Mouallem, afirmou em Moscou que o regime está determinado a “liberar todo o território sírio”, apesar do risco de “agressão” ocidental.

Estados Unidos, França e Reino Unido alertaram recentemente a Damasco que não permitirão a impunidade por qualquer uso de armas químicas em Idlib.