Há seis noites que manifestações violentas contra a brutalidade policial e o racismo têm sacudido os EUA.

Veja seis perguntas e respostas sobre os maiores protestos civis no país em muitos anos.

1 – O que provocou as manifestações? –

O estopim ocorreu por causa da morte de um homem negro que não estava armado, George Floyd, apelas mãos de um policial branco na última segunda-feira em Minneapolis.

Floyd morreu depois que o policial Derek Chauvin pressionou o seu pescoço usando o joelho por quase nove minutos, depois de prendê-lo por uma suposta compra de cigarros com uma nota falsa.

Sua morte, filmada por um celular, reacendeu a indignação pela morte de afro-americanos pelas mãos da polícia e trouxe à tona casos passados como os de Michael Brown, em Ferguson, e Eric Garner, em Nova York, que incentivaram o movimento Black Lives Matter (“vidas negras importam”).

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Manifestações pacíficas logo se tornaram violentas nessa cidade situada no centro-oeste dos EUA, com registro de saques e incêndios. Agora eles se espalham por todo o país.

2 – Como as autoridades estão lidando com a situação? –

Ao menos 40 cidades, como Los Angeles, Chicago e a capital americana, Washington DC, impuseram um toque de recolher desde que os protestos começaram. No entanto, pouco fizeram para desencorajar ou acabar com as manifestações.

Os governadores mobilizaram milhares de membros do Exército, uma atitude incomum que lembra os movimentos ocorridos no final da década de 1960 nas cidades americanas após o assassinato do líder dos direitos civis, Martin Luther King.

Em alguns lugares, a polícia efetuou o disparo de balas de borracha, gás lacrimogêneo e granadas contra os manifestantes, que em resposta lançaram objetos contra eles, como garrafas de água e pedras.

As medidas não impediram que alguns manifestantes roubassem ou praticassem atos vandalismo. Lojas sofisticadas de Manhattan, como a Coach ou a Chanel não passaram despercebidas. Ruas também foram bloqueadas e veículos policiais queimados.

3 – O que disse Donald Trump sobre isso? –

Muito. Em resumo, ele culpa os extremistas da esquerda pelos protestos, e disse que planeja denunciar a Antifa, uma rede antifascista, como organização terrorista.

Ele também tentou politizar o tema, atacando governadores e prefeitos democratas por terem tomado medidas brandas contra os manifestantes.

Trump considera os manifestantes “criminosos”, e pediu repetidamente, pelo Twitter, para que os governadores restaurassem a ordem.

Ele também provocou indignação e foi acusado de provocar a violência após escrever na rede social: “Quando os roubos começarem, o tiroteio começa”.

4 – Como outros líderes reagiram? –

Muitos líderes locais demonstraram compreensão diante da questão da injustiça contra negros, e alguns policiais se ajoelharam para mostrar seu apoio aos manifestantes, inclusive em Nova York e Nova Jersey.

Vários políticos defendem que a violência deve acabar, e alguns, como o governador de Minnesota, Tim Walz, exigem mais severidade com aqueles que roubaram e participaram de atos de vandalismo.

O candidato democrata à presidência, Joe Biden, disse que os Estados Unidos estão “sofrendo” e que, se eleito, ouvirá as queixas dos manifestantes e “conduzirá um debate nacional” sobre o assunto.

O irmão mais novo de Floyd, Terrence Floyd, repreendeu a violência dos protestos e pediu aos manifestantes que “canalizassem sua raiva de maneira diferente”.

“Às vezes fico consternado. Quero ficar louco. Meu irmão não era assim. Você ouvirá muitas pessoas dizerem que ele era um gigante gentil”, contou ele à ABC News.

5 – O que aconteceu com o policial que deteve Floyd? –

Chauvin foi acusado de homicídio em terceiro grau e deve ser julgado em breve.

Os manifestantes, que representam todos os grupos étnicos, querem que ele seja acusado de acusações ainda mais graves, alegando que ele teve a intenção de matar Floyd.

Os manifestantes exigem que os três policiais que ajudaram Chauvin e que foram demitidos das suas funções também sejam acusados pela Justiça.

No domingo, as autoridades transferiram Chauvin da cadeia em Hennepin para outro local por preocupações com sua segurança.

6 – Há mais alguma motivação nos protestos? –

Alguns analistas dizem que a morte de Floyd foi a gota d’água para a explosão desse movimento civil, após anos de ressentimento causado pelas desigualdades econômicas, sociais e de saúde sofridas pelos negros americanos.

Eles lembram que a pandemia do coronavírus – na qual 40 milhões de americanos se registraram como desempregados para obter benefícios – potencializa a frustração e afeta de forma desproporcional as minorias negras e latinas.

Eles também acreditam que os protestos podem ser uma reação ao movimento supremacista branco, que, segundo os analistas, adquiriu força ao longo do governo Trump.