Atos contra as políticas das maiores economias do Ocidente ficaram aquém do esperado, reunindo cerca de 4 mil pessoas em Munique. Cúpula do G7 começa neste domingo, na Baviera, tendo Ucrânia como um dos temas principais.Milhares de pessoas protestaram neste sábado (25/06) em Munique antes do início da cúpula do G7na Alemanha, atual presidente do grupo. A manifestação contra as políticas dos líderes dos principais países ocidentais, porém, foi muito menor do que o esperado.

A cúpula do G7 começa oficialmente neste domingo e segue até terça-feira no Schloss Elmau, um hotel cinco estrelas na Alta Baviera. Além da Alemanha, como anfitriã, o encontro terá a participação de EUA, Canadá, Reino Unido, França, Itália e Japão.

De acordo com a polícia, cerca de 4 mil pessoas participaram dos atos. Segundo os organizadores, foram 6 mil pessoas – ainda assim bem abaixo do previsto.

A polícia disse que a manifestação foi pacífica e não exigiu nenhuma intervenção, com exceção de dois pequenos incidentes à margem dos atos. No final do protesto, houve uma prisão e, como resultado, um breve confronto entre alguns manifestantes e agentes. Dois policiais ficaram levemente feridos. No entanto, a situação se acalmou rapidamente.

A convocação do protesto por 15 organizações causou certa preocupação, já que nos últimos anos houve repetidos tumultos e confrontos entre manifestantes e a polícia às vésperas das reuniões do G7.

Uma das organizadoras do protesto, Uwe Hiksch, disse que o ato ficou muito aquém das expectativas.

“Temos a impressão de que muitas pessoas estão inseguras com a guerra na Ucrânia”, explicou Hiksch. Segundo ela, com o conflito, muitas pessoas que habitualmente apoiam esse tipo de iniciativa disseram que “agora não é hora de se opor aos chefes de governo”.

Muitos dos participantes vindo de outras regiões da Alemanha, se disseram desapontados com a baixa adesão ao protesto.

Combate à pobreza

Os manifestantes pediram aos chefes de Estado e de governo dos países do G7 políticas eficazes de combate à pobreza e, como consequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, que acabem com a dependência de petróleo, gás e carvão russos e tomem mais medidas contra a crise global de fome.

Em uma declaração conjunta, as organizações que participaram do protesto disseram que os Estados do G7 devem “tomar medidas decisivas contra as mudanças climáticas, acabar com a destruição da natureza e combater a fome, a pobreza e a desigualdade”. Para eles, significativamente mais fundos devem ser disponibilizados para prevenção de crises, gestão de conflitos civis e cooperação para o desenvolvimento.

Forte esquema de segurança

O hotel Schloss Elmau já provou ser um local ideal para a cúpula durante a presidência anterior do G7 da Alemanha, em 2015 – quando Barack Obama era o presidente dos EUA e Angela Merkel a chanceler federal da Alemanha.

Junto com o cenário onírico para fotos do espetáculo político, sua localização em um vale acima de Garmisch-Partenkirchen é de difícil acesso e fácil proteção.

Pelo menos 18 mil policiais foram mobilizados e uma cerca de segurança de 16 quilômetros de comprimento foi instalada para garantir que nenhum manifestante perturbe a reunião. Os convidados serão levados ao local de helicóptero. O governo alemão e o estado da Baviera orçaram em 180 milhões de euros a segurança. Centenas de tampas de bueiros foram seladas com adesivos especiais, latas de lixo foram retiradas das ruas e as escolas foram fechadas.

Cerca de 3 mil jornalistas viajaram para a Baviera para acompanhar os desdobramentos do evento.

Uma chance para Scholz

Como anfitrião, o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, terá a chance de polir sua imagem arranhada, após críticas internacionais pela hesitação em enviar armas à Ucrânia. Scholz já formulou sua agenda para a reunião: quer debater com os parceiros do G7 soluções para a crise energética e a inflação crescente.

Se Scholz, que assumiu o cargo em dezembro, conseguir colocar os chefes de Estado e de governo do G7 em um curso claro e unificado, pode reforçar sua imagem de um líder forte.

As sanções contra a Rússia e mais ajuda de longo prazo para a Ucrânia devem ser discutidas no primeiro dia da cúpula. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, participará das conversações por meio de um link de vídeo.

No segundo dia do evento, devem se juntar ao grupo os líderes da Indonésia e da Índia, futuros titulares da presidência do G20, o Senegal, titular da presidência da União Africana, a Argentina, presidente da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos, e a África do Sul. Eles também estarão envolvidos nas discussões sobre como atingir as metas climáticas.

O presidente dos EUA, Joe Biden, viajou neste sábado à Alemanha, após assinar uma lei história sobre o controle da venda de armas de fogo. Antes do início da cúpula, ele deve manter conversas bilaterais com Scholz.

le (DW, ARD, ots)