Quase 200 pessoas se reuniram nesta segunda-feira (1º) na pequena cidade de Anguillara Veneta, norte da Itália, para protestar contra a concessão do título de cidadão honorário ao presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que deve receber a homenagem em uma cerimônia oficial.

Sob uma chuva persistente e em meio à neblina, representantes de vários partidos de esquerda, assim como do sindicato CGIL e da associação antifascista ANPI, protestaram com bandeiras e cartazes contra a honraria ao presidente brasileiro de extrema-direita.

“Que visite a cidade de onde vem sua família é justo, mas não que o apresentem como um modelo a seguir com a concessão do título de cidadão honorário”, criticou Antonio Spada, vereador da oposição, em declarações à AFP.

Bolsonaro deve receber a cidadania ainda nesta segunda-feira, durante uma cerimônia especial na sede da prefeitura de Anguillara Veneta, a pequena localidade de 4.000 habitantes da região de Vêneto, reduto do partido de extrema-direita Liga.

Depois do evento, ele deve almoçar com vários membros da família Bolsonaro, alguns parentes próximos, em uma elegante residência do século XVII da região.

“Fora Bolsonaro”, afirmava um cartaz, enquanto outro, escrito a mão, declarava “Anguillara ama o Brasil, mas não Bolsonaro”.

Entre os manifestantes mais indignados estava o missionário italiano Massimo Ramundo, que viveu por 20 anos no Brasil, 12 deles no Maranhão, estado que tem 34% do território ocupado pela floresta amazônica.

“É uma vergonha. Estou furioso com a prefeita desta cidade. Ela não sabe o que Bolsonaro fez e disse, não escutou suas declarações de teor racista, contra os indígenas, os vacinados, as mulheres. Além disso, ele quer que a Amazônia seja um negócio. Não respeita os valores do papa Francisco”, afirmou o religioso.

Pequenos grupos de simpatizantes do presidente também compareceram à manifestação, organizada na cidade de onde sua família emigrou há mais de um século.

“Estou aqui para dizer que não está sozinho”, declarou Silvana Kowalsky, 50 anos, que viajou de Vicenza, a 85 quilômetros de distância, para expressar seu apoio.

Com chapéus e bandeiras do Brasil, os simpatizantes do presidente, em menor número, preparam-se para defender a homenagem.

“É um grande presidente e tem o direito, porque é descendente de italianos. Tudo o que a CPI (do Senado) fala dele é mentira”, afirmou o brasileiro Cláudio Resende, de 65 anos, que mora na Itália há 17 anos.