O Protocolo de Montreal, que permitiu lutar contra o buraco na camada de ozônio, também evitou um aquecimento adicional do planeta de 2,5ºC aproximadamente até 2100 ao proibir determinados aerossóis, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (18) na revista Nature.

O aquecimento global provocado pelos gases de efeito estufa, atualmente situado em 1,1ºC em relação à era pré-industrial, já provoca catástrofes como ondas de calor, inundações, incêndios, furacões, etc.

O Protocolo de Montreal foi assinado em 1987 para suprimir progressivamente os gases CFC (usados na refrigeração e nos aerossóis), responsáveis pelo “buraco” nesta camada gasosa que protege a Terra dos raios que causam câncer de pele, danos oculares e imunológicos.

Sem este acordo, o aquecimento global atingiria os 4ºC, mesmo se os países conseguirem limitar a alta nos termômetros causada por outros gases abaixo de 1,5ºC, um dos objetivos do Acordo de Paris, segundo este estudo.

Além de danificar a camada de ozônio, os gases CFC são de fato potentes gases de efeito estufa que retêm o calor até 10.000 vezes mais do que o dióxido de carbono (CO2).

Mas até agora os cientistas não tinham estudado o impacto que a radiação UV adicional teria na capacidade da natureza em absorver os gases de efeito estufa produzidos no planeta.

Desde os anos 1960, florestas e solos absorvem 30% do CO2 emitido pelos seres humanos na atmosfera e os oceanos, 20% adicionais.

Os pesquisadores, chefiados por Paul Young, da Universidade de Lancaster, descobriram através de modelos que os produtos que danificam a camada de ozônio também teriam degradado a capacidade das plantas de armazenar CO2.

“Um mundo em que estes produtos químicos aumentam e continuam retirando a camada de ozônio protetora teria sido catastrófico para a saúde humana, mas também para a vegetação”, segundo Young.