“A economia brasileira vive um período de desinflação e recuperação, fruto das medidas econômicas tomadas e da reorganização da política monetária.” A declaração do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, durante a entrega da 14ª edição do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO 2017, em São Paulo, em 14 de setembro, resume com precisão cirúrgica a trajetória recente da economia do País e endossa o clima generalizado de otimismo com a retomada dos indicadores positivos. Uma série de resultados mostra que a economia está, de fato, melhorando gradativamente. Um deles é o IBC-Br, produzido pelo próprio BC, que avalia a performance das três principais áreas do produto Interno Bruto (PIB): agropecuária, indústria e serviços.

Em julho, último dado disponível, o IBC-Br cresceu 0,41% em relação ao mês anterior. Foi o melhor resultado para o período desde a primeira metade de 2014. A grande estrela foi a indústria, uma das mais afetadas pela grave recessão. O setor registrou crescimento de 0,5% nos primeiros seis meses do ano, algo inédito desde 2013. “Nossa situação econômica só apresentou avanços. Com aumentos de 1% e 0,2% no PIB, nos primeiros dois trimestres, e uma inflação que passou de 9%, em agosto do ano passado, para 2,5%, este ano. Isso mostra que os objetivos são críveis”, reforçou Goldfajn.

O presidente-executivo da Editora Três, Caco Alzugaray, também destacou que a retomada da economia brasileira já começou. “Essa crise pode matar, mas não foi o que aconteceu aqui no Brasil”, disse Alzugaray. “Isso não aconteceu graças aos empresários aqui reunidos, aos bravos trabalhadores brasileiros e a um governo bem montado economicamente.” Para Alzugaray, a maior prova de que economia já se deslocou da política é o índice Ibovespa, que ultrapassou 75 mil pontos, patamar recorde. Não faltam números para comprovar o reaquecimento da economia.

Pelos cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de serviços, o grande motor da geração de empregos, teve um avanço de 1,3% em junho frente a maio, o maior aumento para o mês de junho desde 2012, quando foi iniciada a série histórica da pesquisa, e o terceiro resultado positivo seguido do setor neste ano. As vendas no varejo cresceram em junho, na comparação mensal, levando o setor a acumular três meses seguidos de alta, interrompendo nove meses consecutivos de queda. Trata-se do avanço mais consistente desde o final de 2014.

As notícias estão sendo comemoradas especialmente pelo governo, que vê a recuperação como trunfo de suas reformas. “O teto de gastos e a reforma trabalhista foram fundamentais para a retomada da confiança e a restauração do otimismo”, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também durante o evento de AS MELHORES DA DINHEIRO 2017. O anuário dedicou 30 prêmios às empresas inscritas no prêmio que mais se destacaram em seus respectivos setores e aquelas com as melhores práticas de gestão. “Com as reformas econômicas e estruturais, a diminuição do tamanho do governo, podemos criar condições fiscais de um ciclo de crescimento sustentável nos próximos anos”, previu Meirelles.

O cenário favorável surpreendeu positivamente os e as entidades empresariais. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou a projeção das vendas do varejo ampliado em 2017 de 1,8% para 2,2%. Para a CNC, a inflação baixa e as taxas de juros em queda são fundamentos econômicos importantes para as condições de consumo e devem permanecer com este comportamento, contribuindo de forma positiva para a reação das vendas no curto prazo. Esse avanço também se reflete como impulso adicional não só para as grande empresas, mas principalmente as menores. “O Brasil precisa ter um projeto de nação, a partir da sua realidade. Está aí o agronegócio, a mineração, o empreendedorismo”, disse o presidente do Sebrae Nacional, Guilherme Afif Domingos.

Os ventos estão, novamente, soprando a favor. É verdade. Mas não se pode negar, nem muito menos esquecer, que os últimos três anos entrarão para a história como um dos períodos mais desafiadores para os empresários e os trabalhadores brasileiros. A recessão econômica, turbinada pela crise política, mergulhou o País na mais complexa crise de sua história e obrigou o empresariado a colocar em prática todas as ferramentas e técnicas de gestão possíveis para manter vivos os seus negócios. Milhares de empresas fecharam as portas. O contingente de desempregados, embora tenha recuado nos últimos meses, ainda se mantém acima de 13 milhões de pessoas. “Em períodos de desafios econômicos temos de garantir que as pessoas eliminem os vieses inconscientes, e olhem a essência das pessoas, a capacidade de fazerem a diferença”, afirmou Bernardo Pinto Paiva, presidente da Ambev, a grande vencedora do prêmio de EMPRESA DO ANO.

A Ambev também ficou em primeiro lugar na categoria Super 20, que avalia os 20 maiores conglomerados inscritos no prêmio da revista DINHEIRO. O evento, aliás, reuniu alguns dos maiores nomes do campo empresarial brasileiro, que trocaram experiência e traçaram planos para o Brasil pós-crise, em todas as áreas. “A Telefônica tem conectado algumas escolas e comprovado como isso muda o nível de educação dos alunos. Se o Brasil todo conseguir fazer isso, vamos ter um novo salto na educação do País”, garantiu Eduardo Navarro, presidente da Telefônica Vivo no Brasil. “Num ano em que a economia encolheu quase 4%, conseguimos crescer em faturamento, melhoramos a rentabilidade e a satisfação dos clientes.” Eis mais uma prova de que as melhores oportunidades surgem, de verdade, nos momentos de crise.