O Ministério Público do Estado do Rio prendeu em flagrante nesta quarta-feira, 16, o vereador Gersinho Crispim (SD), da Câmara de São João da Barra, no interior do Estado. O parlamentar foi detido logo após ter recebido R$ 3,5 mil de um assessor – o dinheiro seria fruto da devolução de parte do salário do servidor, consumando prática corriqueira em muitos gabinetes do Legislativo em várias regiões do País.

A informação foi divulgada pelo Ministério Público do Estado.

Segundo a Promotoria, Crispim já era investigado por esquema de “rachadinha” – quando o servidor repassa parte ou totalidade de seu salário para o político que o contratou. O expediente configura crime de peculato.

A Promotoria informou que a ação que prendeu o vereador foi autorizada pela Justiça. O parlamentar foi abordado quando chegava para a sessão da Câmara.

O município de São João da Barra fica a cerca de 315 km da capital fluminense e tem população estimada de pouco mais de 36 mil pessoas.

“As investigações apontam para a existência de uma embrionária organização criminosa, hierarquicamente organizada e suficientemente sedimentada para a prática de reiterados crimes contra a administração municipal, causando prejuízos aos cofres públicos do Município de São João da Barra”, destacou o Ministério Público Estadual em nota.

A prisão acontece no mesmo dia em que o procurador-geral de Justiça de São Paulo Gianpaolo Poggio Smanio mandou investigar denúncia de “rachadinha” no gabinete do deputado Gil Diniz, o ‘Carteiro Reaça’, líder do PSL na Assembleia Legislativa paulista.

‘Rachadinha’ também em São Paulo

O caso foi revelado pelo ex-assessor parlamentar Alexandre de Andrade Junqueira, que afirma que presenciou “por vezes” a circulação de dinheiro em espécie no gabinete do “Carteiro Reaça”.

Na representação apresentada na segunda, 14, Junqueira relata, além da “rachadinha”, a existência de uma funcionária fantasma no gabinete de Gil Diniz, que, segundo o ex-assessor, “não trabalhava e apenas assinava o ponto e devolvia o dinheiro para o deputado”.

“Carteiro Reaça” reagiu à acusação de Junqueira: “Saiu magoado e agora fez essa denúncia”.

Gil Diniz foi assessor do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) na Câmara até 2018, quando se elegeu para o mandato estadual. Ele afirma que o ex-servidor não tinha “produtividade” e, por isso, foi exonerado.

Defesa

A reportagem busca contato com a defesa ou assessoria de Crispim. O espaço está aberto para manifestação.