PARIS (Reuters) – A promotoria de Paris abriu um inquérito nesta terça-feira sobre alegações do site de jornalismo investigativo Mediapart e dois de seus jornalistas de que teriam sido espionados pelo Marrocos usando o spyware Pegasus, que está no centro de um escândalo global.

Uma investigação publicada no domingo por 17 organizações de imprensa, liderada pelo grupo de jornalismo sem fins lucrativos com sede em Paris Forbidden Stories, disse que o spyware, produzido e licenciado pela empresa israelense NSO, foi usado em tentativas e invasões bem sucedidas contra 37 smartphones de jornalistas, autoridades governamentais e ativistas dos direitos humanos.

A Mediapart afirmou em uma série de tuítes na segunda-feira que o serviço secreto do Marrocos havia usado o Pegasus para espionar os celulares de dois de seus repórteres.

“O único jeito de ir a fundo nesta história é se as autoridades judiciais realizarem uma investigação independente da espionagem generalizada organizada na França pelo Marrocos”, disse a Mediapart, em um de seus tuítes.

O governo do Marrocos publicou um comunicado oficial rechaçando o que chamou de “alegações sem fundamentos e falsas”. A NSO negou qualquer irregularidade.

O comunicado da promotoria de Paris não menciona Marrocos e diz apenas que decidiu abrir um inquérito após receber a reclamação da Mediapart e de seus repórteres. Informou que está analisando uma série de potenciais crimes relacionados à ciberespionagem.

A NSO diz que seu produto deve ser usado apenas por agências de inteligência e a polícia para enfrentar o terrorismo e o crime organizado.

(Reportagem de Dominique Vidalon, Ingrid Melander; Reportagem adicional de Ahmed El Jechtimi, em Rabat; Dan Williams, em Jerusalém; e Angus McDowall, em Túnis)

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