O FICA lança o Projeto Compartilha que vai transformar cortiços em casas compartilhadas no centro de São Paulo (SP). O fundo imobiliário é direcionado para propriedades comunitárias que viabilizem aluguéis acessíveis de moradias para famílias de baixa renda.

A iniciativa contempla investimentos de impacto social com a aquisição de imóveis para destinação a pessoas moradoras de cortiços na região. A operação inclui a reforma das casas, respaldada por contratos de locação que impeçam reajustes e despejos arbitrários.

De acordo com o FICA, os contratos preveem ainda a diminuição de até 30% dos aluguéis pagos, em relação à média de aluguel nos bairros centrais. Segundo Roberto Fontes, coordenador do Compartilha, em nota, o modelo é inédito no Brasil por introduzir a figura do proprietário social não especulativo.

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Dados da SEADE/2004, registrados no relatório geral do Programa de Atuação em Cortiços do governo de São Paulo, mostram que cerca de 160 mil famílias, ou 596 mil pessoas, viviam em cortiços na região central de São Paulo, o que correspondia a 6% da população do município.

Para Fontes, os cortiços representam atualmente um dos investimentos imobiliários mais lucrativos da cidade, com o metro quadrado valendo o dobro da mesma metragem em uma moradia formal em igual região.  “O perfil do investidor é aquele que, primeiramente, terá orgulho do impacto de seu dinheiro”, explica Fontes.

O Compartilha é baseado em investimento de impacto social com retorno financeiro. A FICA afirma que a rentabilidade inicial será de 4% ao ano em até 10 anos, a depender do valor do imóvel. O financiamento coletivo acontece com valores a partir de R$ 10 mil e é garantido pelo próprio imóvel.

Primeira casa

Um primeiro imóvel foi adquirido como parte do projeto piloto da iniciativa. O imóvel contou com o financiamento de um grupo inicial de investidores e foi alugado para três famílias que pertencem a uma cooperativa de costureiras. A mudança das famílias está prevista para este mês. A primeira fase do projeto prevê novos lares para até 50 famílias em 2025.