Os territórios indígenas se tornaram alvo de disputas de diversas empresas nas últimas semanas. Os pedidos para explorar a abundante matéria-prima da região dispararam quando o presidente Jair Bolsonaro declarou, em meados de julho, que o governo prepara um projeto para legalizar o garimpo no País. Apenas em terras indígenas, há 4.332 pedidos de pesquisa mineral, o primeiro estágio para a autorização da exploração. Os números foram compilados pelo Instituto Socioambiental (ISA) com base em requerimentos feitos à Agência Nacional de Mineração (ANM) e divulgados em relatório da ONG Repórter Brasil. As solicitações miram, principalmente, a exploração de substâncias como ouro, cobre, estanho, manganês, titânio e nióbio. A terra mais cobiçada é a dos Yanomami, localizada entre os estados Amazonas e Roraima. São 536 requerimentos só para essa região, que foram solicitados por 58 empresas. O estudo aponta que, se os projetos forem aprovados, a mineração pode impactar 42% da terra dos ianomâmi, com a possibilidade de destruição de 4 milhões de hectares de floresta. Dentre as empresas com maior número de requerimentos para a exploração de áreas indígenas estão a Mineração Silvana Indústria e Comércio, controlada pela Mineração Santa Elina, com 735 pedidos; e a Vale, com 216 solicitações.

(Nota publicada na Edição 1144 da Revista Dinheiro)