O resultado do Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) de maio mostrou, segundo o coordenador na Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti, que os choques de oferta de alimentos e combustíveis do início do ano parecem terminados. Com as quedas previstas nesses dois grupos de preços, além de energia, Picchetti não descarta deflação em junho, algo que não ocorre desde de novembro de 2018 (-0,17%). A projeção oficial é de taxa zero.

Em maio, o IPC-S registrou alta de 0,22% em maio, abaixo da taxa de 0,63% em abril e também da variação de 0,34% da terceira quadrissemana do quinto mês. O resultado de maio coincidiu com a mediana da pesquisa do Projeções Broadcast, encontrada a partir do intervalo de 0,18% a 0,26%. Em 12 meses, o IPC-S passou de 5,19% em abril para 4,99% em maio. A projeção para o ano é de alta de 4,30%.

Da terceira para a última medição do mês, o alívio de 0,12 ponto porcentual é totalmente explicado pelo movimento de hortaliças e legumes (-1,35% para -4,68%), que contribuiu com -0,05 ponto, e de combustíveis (2,95% para 1,46%), com impacto de -0,07 ponto.

“Explica toda a variação da terceira para a quarta quadrissemana e mostra como a alta no índice estava concentrada nesse grupo. Em todo o resto do índice, não tem nada em sentido contrário, daqui para frente a trajetória é bastante comportada”, disse Picchetti.

Por isso, diz o índice de difusão caiu de 66,18% em abril para 48,53% em maio, a taxa mais baixa desde março de 2018 (47,94%). A difusão mostra quanto a alta de preços está espalhada.

Da mesma forma, o núcleo do IPC-S saiu de 0,41% em abril para 0,27% em maio, mas Picchetti pondera que, em 12 meses, o indicador ultrapassou 4%, indo a 4,05%, de 3,96% no mês anterior.

Isso não ocorria desde julho de 2017 (4,04%), mas Picchetti lembra que é algo temporário e que esse núcleo deve ceder em junho, já que no sexto mês do ano passado a taxa fora de 0,46%.

Em hortaliças e legumes no fechamento de maio, o destaque de Picchetti é para batata (-0,45% na terceira quadrissemana para -4,11% na última medição do mês), que na ponta (pesquisas mais recentes), mostra 19% de queda, e para tomate (-3,23% para -11,65%), com ponta de -15%.

No caso de combustíveis, tanto gasolina (3,03% para 1,86%) quanto etanol (3,64% para 0,76%) já sugerem recuo de 0,60% e 5% na ponta, acrescenta Picchetti. O economista lembra ainda que a Petrobrás já anunciou na última sexta-feira (31) um novo redução dos preços da gasolina nas refinarias, de 7,2%.

Quanto à energia elétrica, que ainda subiu da terceira quadrissemana para última leitura do mês, de 1,49% para 1,99%, Picchetti diz que dará forte contribuição para a desaceleração do IPC-S em junho em virtude da adoção da bandeira verde na conta de luz, em substituição à bandeira amarela em maio.

Baseado na contribuição de alta da bandeira amarela em maio (0,07 ponto), Picchetti avalia que deve ser esse o impacto baixista em junho. O coordenador explica que a ponta da energia é de alta de 1,50%, mas que logo deve mostrar números negativos.