Ano de eleição, como o que está começando, costuma tirar o sono da economia. As incertezas sobre como o acirramento do clima político vai influenciar o ambiente de negócios ditam, historicamente, as decisões de investimento, as estratégias das empresas e o humor do mercado. Mas algo de novo vai ocorrer. Em 2022, parte do País tem enxergado a disputa eleitoral mais como um fator de esperança do que de medo.

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Graças à trágica gestão do governo de Jair Bolsonaro, um presidente de pensamento medieval e comportamento primitivo, as perspectivas para o Brasil pós-eleição são mais animadoras. Sem ele e sua trupe no comando, obviamente. O antipetismo e a guerra contra o terror do comunismo – que remetem à loucura de Dom Quixote contra os moinhos de vento –, já não convencem a ala pensante da ex-base bolsonarista. Poucos acreditam no presidente, quase ninguém acredita no vendedor de ilusões Paulo Guedes. Nem mesmo os evangélicos, grupo fiel à eleição do Messias em 2018, seguem com a mesma fé. Segundo o PoderData, divisão de estatísticas do Poder 360, 37% deste grupo consideram a administração atual ruim ou péssima.

Não é difícil entender as razões que deterioram a aprovação do governo e que alimentam as esperanças na troca de gestão. Evangélicos, católicos, espíritas e ateus compartilham da mesma dor. Perdem igualmente o emprego. Desembolsam mais, sem distinção, para consumir e quitar as contas. Pagam o mesmo preço pela compra no supermercado. Ficam indignados, independentemente da crença, com o discurso antivacina, com o menosprezo à vida, com o negacionismo crônico, com a incapacidade de articulação política (que não seja a compra explícita de parlamentares) e com o verniz da retórica anticorrupção nos casos de corrupção que envolvem seu sobrenome.

É verdade que o que está ruim pode sempre piorar, principalmente quando se trata de Brasil, mas o cenário político e econômico tende a melhorar quanto mais próximo fica o fim deste governo. Algum solavanco populista deve acontecer, mas o horizonte pós-Bolsonaro, seja com Lula, Moro, Doria ou Ciro, é alentador. Para o País e para a economia, o melhor Auxílio Brasil de Bolsonaro será a sua despedida.